A ética é o que se pode chamar de “anjo da guarda” da personalidade, uma proteção invisível, uma barreira contra os perigos dos impulsos e emoções brutas. Ela não pode ser imposta às pessoas nem ensinada, mas pode ser aprendida com a experiência. Cada um terá que escolher por si mesmo os seus valores e ideais; praticar uma espécie de autoética.
Não é um processo simples, pois as escolhas têm raízes inconscientes, muitas delas originadas de situações infantis. Se me perguntam o que constitui um lugar de encontro e confronto entre essas situações infantis e a ética, respondo que é a “regra” de ouro: “Não faças ao teu próximo o que não gostarias que fizessem a ti”.
Quando essa regra é respeitada, naturalmente surge autonomia social, ou seja, a capacidade de o indivíduo continuar sendo ele mesmo apesar das pressões grupais. Aqui entra a psicanálise ao aumentar o conhecimento do indivíduo sobre si mesmo; ela coloca em ação a autonomia.
Conhecer a si mesmo integra a ética em nossos espíritos, mas faz, também, com que não a esqueçamos, não renunciemos a ela mesmo quando nos decepcionamos com a sua dificuldade de realização. Começamos fazendo isso com boa vontade e recusando a má vontade, insistindo em denunciar a maldade implícita nas pressões dos que falam em nome de religião e política.