Existe Caim e Abel. Mas existe, também, Cosme e Damião. Irmãos são sempre um assunto controverso. Disputam a bola, o brinquedo e, sobretudo, o amor da mãe. A criação da companhia franco-brasileira Dos à Deux, “Irmãos de sangue, apresenta um espetáculo no qual a direção, a interpretação, o cenário e a música formam uma verdadeira fraternidade.
Sem palavras. Sem qualquer diálogo. Só corpos, luz, música, figurinos e interação entre os corpos. André Curti e Artur Luanda Ribeiro constroem uma narrativa comovente sobre a história de três meninos e sua infância-lugar-comum com as brincadeiras, o cachorro, as brigas e o gigantesco afeto entre si e o enorme amor da mãe.
“A gente não usa o verbo e nem por isso deixa de contar uma história. Completamente teatral, contamos uma historinha com começo, meio e fim. A gente gosta de denominar somente como teatro, pois mesmo sem palavras, nós consideramos teatro. Por isso, contamos a historia de dois irmãos em flashback, mostrando a relação com o terceiro irmão. E um mergulho profundo na memória dos dois personagens, diz André.
Raquel Iantas e Daniel Leuback fazem a mãe e o terceiro irmão e completam de forma muito harmoniosa a atuação de André e Artur. Os adultos viram crianças, animais. Mudam completamente de ambiente e sentimento, com tal fidelidade e beleza, que ficamos nós também sem palavras. Ou melhor, como diriam os francese, bouche bé.
Serviço:
Teatro Gláucio Gill (Praça Cardeal Arco Verde, S/N – Copacabana
De quarta a domingo, às 21h