“Segue o baile”: com essa mensagem, Eduardo Paes tranquilizou os seus milhares de seguidores do Instagram, depois de passar por um cateterismo e angioplastia, no último domingo (27/01), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Sempre bem-humorado, o ex-prefeito do Rio e candidato ao governo do Estado no ano passado (perdeu para Wilson Witzel), continua sendo personagem importante na vida dos cariocas. Não há como negar, certamente também pelo seu amor pela cidade.
“Graças a Deus, era uma artéria menos importante do coração e já está tudo resolvido. Pronto pra seguir em frente”, disse ele. Depois das últimas eleições, Paes voltou a trabalhar para a BYD, empresa chinesa fabricante de veículos elétricos. Nesta entrevista, Eduardo comenta sobre as mudanças internas trazidas por esse susto e o que vai ser daqui pra frente para um sedentário de 49 anos, sendo que é inevitável um novo olhar para as regras do bem-viver.
Um susto desses faz a gente evoluir? As coisas pequenas ganham outra dimensão?
Sem dúvidas, faz a gente evoluir, mas tem uma coisa: eu vou morrer no Rio. Como eu estava passando o fim de semana na casa de um amigo em Campinas, com a Cris e as crianças, eu falei: “Não tem chance, eu não vou morrer em São Paulo jamais. Eu tomei um susto, mas não fiquei, digamos, tão assustado assim não. Morrer fora do Rio seria uma desonra muito grande – com todo respeito a minha querida Campinas e minha querida São Paulo.
O que mudou no seu coração, no sentido figurado e no físico?
No físico, graças a Deus, foi uma artéria menos importante; no figurado, continua grande, gostando de muita gente e apaixonado pela minha família.
Quanto ao dia a dia, é sabido da sua paixão pela cigarrilha, pelo samba, pela cerveja. E agora?
Cigarrilha já parei; samba e cerveja não largo nem por um decreto! Se tiver que deixar o samba e a cerveja, eu, literalmente, morro do coração.
E itens importantes, como alimentação, exercícios físicos… Sem mentir pra si mesmo, o que muda?
As duas coisas que eu acho que terão de mudar é isso mesmo, além da cigarrilha e exercício físico. A alimentação, eu já não sou de exagerar não; estou mais gordinho, mas acho que a atividade física que é o problema, que estou fazendo zero! Vou encher o pneu da bicicleta!
Você acha que as eleições influenciaram nesse episódio?
Não, não influenciou isso não (rs), claro que eu fiquei de coração partido, mas não dá para infartar não; faz parte ganhar ou perder. Adoraria estar governando o Rio, lutei muito para isso, adoraria estar cuidando do nosso estado, mas a população decidiu diferente, e a gente tem que respeitar. Então, não afeta o coração.
Você escreveu nas redes “pronto para seguir em frente”. O que significa na prática?
Pronto para seguir em frente é continuar tocando a vida. Vou continuar trabalhando, reassumir a presidência para a América Latina da BioID, que inclusive tem uma fábrica em Campinas, até era um dos motivos de eu vir passar o fim de semana; volta e meia eu tenho que ir. Mas sempre com meu escritório no Rio, ali pertinho da Praça Mauá, olhando as maravilhas da nossa cidade – esse é o meu lugar, e meu lugar, eu não largo nunca.
Você viu alguma piadinha sobre estar no mesmo hospital que Bolsonaro?
Não, sem piadinha. Acho que o negócio dele é sério demais para fazer piada. Claro que eu vi os tweets de uns doidos aí dizendo “Cuidado, Bolsonaro, Eduardo Paes está aí e pode ser para te matar”. Tenho muito respeito pelo presidente e torço pela recuperação dele.
Foto: Arquivo site Lu Lacerda