Ser testemunha ocular da História pode ser muito bom. Vi todas as versões de “Ópera do Malandro”, de Chico Buarque, inclusive a longínqua estreia de 1978, com Elba Ramalho e Claudia Jimenez começando na carreira. Mas a versão atua, com adaptação e direção de João Falcão, é, indiscutivelmente, a que melhor traduz o conceito atemporal da obra: o capitalismo é cruel, seja em que ambiente de produção for.
João Falcão, juntamente com seu xará, João Fonseca, forma a melhor dupla de direção de musical em atuação. “Gonzagão” e “Tim Maia”não me deixam mentir. A atual versão, com um elenco basicamente masculino, com uma única atriz, Larissa Luz, recupera um importante elemento do musical: a coreografia, criada primorosamente por Rodrigo Marques, e o talento para executá-las.
“Chico foi a figura artística que mais me influenciou. A Ópera é um mito, um desafio imenso para o diretor, ao lidar com canções eternas da música popular brasileira e com um texto que marcou época”, conta João, que já assinou a dramaturgia. O cenário e os figurinos trazem de volta o clima da decadente Berlim da “Ópera dos 3 vinténs”, de Bretch e Kurt Weil, que inspirou a “Ópera do Malandro”.
É fácil fazer um musical com essa trilha, diriam os menos avisados. Mas o talento do elenco formado pelo cantor Moyses Marques como Max Overseas e o grupo de atores que se formou em ‘Gonzagão – A Lenda’ (Adren Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Larissa Luz, Renato Luciano e Ricca Barros ) e mais Bruce de Araújo, Eduardo Landim, Rafael Cavalcanti, Thomas Aquino e Leo Bahia, ultrapassa a qualidade das músicas. Cantam, dançam, representam, convencem . E criam a sensação do novo. E um novo que vale a pena ver de novo.
Serviço:
Theatro Net Rio
De quinta a sexta, às 21h
Sábados, às 21h30
Domingos, às 20h.