Um tango argentino. Força, tristeza, encontros, desencontros, volteios, retornos. Um cavalheiro que aperta a dama e a traz para junto, afasta, bate em retirada. As letras dos tangos! Ai, tanta paixão, tanta tristeza! Sentimentos avassaladores. Abandonos em total desolação. É desse mundo que nasce “Monstros”, premiado musical do argentino Emiliano Dionisi.
A adaptação brasileira ganhou direção de Victor Garcia Peralta, direção musical de Azullllllll e elenco que reúne Cláudio Lins e Soraya Ravenle na pele de quatro personagens. O eixo é o modo como pai e mãe percebem seus filhos e, num desdobramento narcísico, acabam por expor aquilo que têm de mais pessoal e mais secreto, como as sementes que geram as crianças.
Escrito por Dionisi quanto tinha 28 anos, “Não entendi direito o que vi nos musicais tradicionais e queria fazer algo que quebrasse a zona de conforto”, diz ele. Juntamente com Rodríguez, autor da letra, eles formaram um par poderoso. “Eu queria que o som passasse pelo intelectual e atingisse os sentidos, para algo mais primitivo relacionado à emoção”.
A peça aborda tópicos que vão desde o papel paterno e materno, frustrações, abuso e bullying, dentre outros. Na contracorrente de musicais como expressão de alegria, aqui o que se vê é jogar por terra a ideia de que musical é um gênero leve. Ainda mais que a informação não só está no texto como também nas letras das músicas.
Fotos: Janderson Pires
Serviço:
Teatro Petra Gold
Quartas, às 20 h.