Muitas vezes nos deparamos com situações que envolvem afetos opostos. Por exemplo: calma e agitação, que é o esforço de todas as crianças na época de Natal; fome e recusa de comida quando oferecemos aos pequenos algum alimento que eles não gostam; aquietar-se e correr no meio da brincadeira quando se está cansado. É dessa duplicidade, no coração das crianças, particularmente dolorosa, que Walcyr Carrasco constrói a fábula “Meus dois pais”, que foi adaptada para o teatro, com realização do ator Pedro Monteiro, com direção de César Augusto.
Pedro Monteiro encarna Naldo, um menino cujos pais se separam — a mãe muda de cidade, e seu pai vai morar com o amigo Celso. A partir daí, ele começa uma jornada de sofrimento pelo bullying, pela tristeza, pela separação, um misto de sentimentos que ele não consegue compreender porque até, antes da descoberta, gostava de Celso.
A interpretação de Pedro é além da performance… Sem tentar imitar crianças em gestos e vozes infantilizadas, o ator faz um Naldo em quem imediatamente reconhecemos um menino no olhar, nos meneios do corpo, na música da voz, que nos emociona. Em Pedro, reconhecemos os pequenos em suas forças, em suas fragilidades, em suas perplexidades diante do mundo adulto que, às vezes, nem consegue compreender. A emoção é o que transborda em Pedro/Naldo.
Fotos: Amanda Eyer
Serviço:
Até 9 de julho
Centro Cultural Futuros, no Flamengo (Rua Dois de Dezembro, 63)
Sábados e domingos, às 16h
Classificação etária: livre