De médico e de louco, todos nós temos um pouco. Enlouquecer, como vê o senso comum, é uma forma de fugir, ir para outro planeta, criar novas identidades, “sartar fora”, cantar pra subir, dar bom-dia a cachorro. Muito se brinca. Seria cômico se não fosse sério. Em “Nefelibato”, monólogo de Regiana Antonini com Luiz Machado, que celebra 20 anos de carreira, não existe nem o elogio à loucura e muito menos a ironia com os loucos — retrata, com muita poesia, o que acontece com as pessoas quando perdem o chão.
Com direção de Fernando Philbert e supervisão de Amir Haddad, o monólogo é um diálogo com os próprios devaneios, sonhos, percalços, desesperos, angústias e alegrias do personagem Anderson, inspirado em uma pessoa real, empresário bem-sucedido, que perde tudo com o Plano Collor. Morre sua avó, sua principal âncora; seus negócios acabam por falir e perde a mulher amada. É, no caminho da evasão, que Anderson resiste. E vive.
“Quis tratar do instinto de sobrevivência que o ser humano tem e que ele esquece que tem”, salienta Fernando Philbert, diretor, antes de chamar a atenção para um certo grau de consciência que o personagem tem de sua condição: “Para não se matar ou matar alguém, ele vai para a rua — viver na rua é o caminho que ele encontrou para continuar vivo”. Anderson é alguém que vive situações-limite: um equilibrista no fio tênue entre lucidez e loucura, vida e poesia.”
Serviço:
Temporada: 07, 14, 21 e 28 de julho, às 19h, de forma online e presencial (máximo de 40 pessoas).
Teatro Petra Gold: Rua Conde Bernadotte, 26 Leblon.
Ingressos presenciais: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia).
Ingressos online: a partir de R$ 20.
Onde comprar e assistir: www.sympla.com.br/eventos?s= nefelibato&tab=eventos