A rapper australiana Iggy Azalea vai cantar no Maracanã, no dia 27 de dezembro, mas não vai ser uma apresentação, digamos, comum. Iggy vai dar uma pausa na gravação do seu segundo álbum e vem a convite de Júnior Coimbra, filho de Zico, produtor do evento beneficente “Jogo das Estrelas”, em sua 15ª edição. Outra atração internacional é o atual técnico da seleção de Camarões, o craque Clarence Seedorf, fã declarado de Zico. Também não para por aí: pela primeira vez, vai ter mulher em campo (a funkeira Ludmilla será uma delas). Outro nome não foi confirmado – batendo bola ao lado de marmanjos no jogo dos artistas, junto com Nego do Borel, Caio Castro, Felipe Neto e outros a serem anunciados esta semana. “É um show para 70 mil pessoas, não é um evento que pegamos dois times e colocamos em campo. Temos que chamar jogador por jogador, artista por artista, é uma superoperação; por isso, não temos todos os nomes ainda”, diz Júnior.
A “internacionalização” aconteceu naturalmente, quando o ídolo argentino Diego Maradona em 2005, na segunda edição do projeto. O que era apenas uma confraternização de fim de ano para ajudar instituições carentes, transformou-se no principal jogo beneficente de encerramento de temporada no Brasil e chegou a levar 72 mil pessoas ao Maraca e, até por isso, ganhou carinhosamente o apelido de “XV Zico Bowl”, uma alusão ao Super Bowl, um jogo do campeonato da NFL, a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, que mistura esporte e música num dos eventos mais concorridos do ano.
O desfile de grandes craques do presente e do passado é uma forte marca da partida e muitos dos já confirmados têm estreita ligação com o estádio, como Petkovic, Ronaldo Angelim, o ex-zagueiro Mozer, Lucas Paquetá, Junior, Renato Gaúcho, o Elias Mendes, Ewerton Ribeiro, Adriano Imperador, o goleiro Julio Cesar e assim vai. Os ingressos custam de R$ 30 a R$ 900, esse um pacote especial com turnê pelo estádio e outras regalias, chamado “Passaporte Solidário”, limitado a 35 pessoas, com renda para a ONG Teto. Já foram vendidos 30 mil ingressos até o fechamento dessa entrevista.
Como tudo começou?
Criei o “Jogo das Estrelas” em 2004, e conversando com meu pai, ele topou, mas era um evento pequeno para 800 pessoas; a partir do segundo ano, com a presença de Maradona, começou a lotar. No terceiro coloquei uma arquibancada para sete mil pessoas. No quarto, quis levar para o Maracanã, mas todo mundo achava que eu estava louco. Bati o pé e colocamos 40 mil pessoas. No sexto ano foram 72 mil pessoas, um recorde histórico de um evento beneficente no Brasil. Eu moro nos Estados Unidos há alguns anos e tentei criar um formato de “all star game”, com uma preliminar de jogo com artistas para abrir para os ex-profissionais. Então fica uma pelada mais séria. Antes a entrada era alimento, mas tinham muitas instituições que precisavam de dinheiro e resolvemos começar a cobrar.
Zico é o segredo do sucesso do evento?
Além de ter o Zico, o Maracanã, é o fato de ser entre o Natal e Ano Novo. Cidade está cheia de gringos e nosso jogo é incluído em pacote de turismo, o púbico está carente de futebol desde a final do Brasileirão, o que ajuda muito. Na realidade, esse ano pode ser recorde, porque nunca vi o Rio tão cheio.
E a importância do seu pai no evento?
É fundamental. Não por ser meu pai, mas em termos de credibilidade. Não conheço uma pessoa, não só esportista, mas na sociedade em geral com essa empatia. É muito raro ter esse tipo de carinho e a idolatria da torcida do Flamengo, em especial, que não existe em lugar nenhum no mundo.
Você tem intenção de transformar o evento num “Super Bowl” brasileiro?
Então, os agentes de artistas lá de fora começaram a chamar o nosso evento de Super Bowl do Brasil e até fiz uma arte com a cara do meu pai como se fosse o “Zico Bowl XV”. A galera comprou a ideia. O pessoal de fora vê isso e quer vir também. Isso é necessário, é um evento que ajuda muita gente, numa época perfeita, uma cidade perfeita, com o ídolo perfeito.
E por que nunca colocaram mulheres no campo, como agora?
(risos) Não tenho uma explicação pra isso, eu pessoalmente não gosto de misturar, mas podendo ter, que seja pelo menos uma de cada lado.
E quem não pode faltar?
Tem cadeiras cativas como o Renato Gaúcho o Júnior, o Luizinho (Luís Carlos Quintanilha), o Zinho (Crizam César de Oliveira Filho), o Cláudio Adão, que estão conosco desde o início.
O que é ser filho do Zico?
É uma loucura. Sou perguntado sobre isso quase todos os dias, mas não dá pra reclamar, é só motivo de orgulho. Ele diz que a maior emoção da vida foi o meu nascimento, mas quando eu jogava futebol isso era uma cobrança terrível (ele jogou no Guarani de Campinas,no Fluminense, CFZ (clube do pai) e futebol dos EUA e Japão). Mas até hoje me emociono com homenagens a ele. Se eu fosse definir numa frase é motivo de orgulho ser filho do Zico.