Os cariocas vão ter sua última oportunidade de assistir, a partir dessa sexta-feira (18/03), no Theatro Net Rio, Marieta Severo interpretar a árabe Nawal na peça “Incêndios”, de Wadhi Mouaward. A história sobre a mulher que se exila no Ocidente, fugindo de décadas de guerra civil no seu país, e deixa em testamento, uma missão difícil para os filhos, é conhecida também do público pelo filme “Incendies”, dirigido pelo canadense Denis Villeneuve em 2011. Depois de uma curta temporada no Rio, a montagem dirigida por Aderbal Freire-Filho parte para sua última turnê pelo país.
O drama conquistou 20 prêmios nacionais – mais alguns para o currículo de Marieta, que está festejando 50 anos de uma carreira em que ganhou, no teatro, o Mambembe, o Shell e o Molière – além do Oscarito, pelo conjunto de sua atuação no cinema. Na TV, onde ficou conhecida do grande público como a Dona Nenê, de “A Grande Família”, Marieta teve mais uma atuação destacada com seu último trabalho: a cafetina Fanny Richard da série “Verdades Secretas” lhe garantiu, ano passado, o prêmio Extra de Melhor Atriz.
A trajetória de Marieta, aliás, é a da arte de representar nessas últimas cinco décadas: nos momentos mais marcantes da TV, do cinema e do teatro, a carioca que queria ser bailarina sempre está presente. Por isso, seus silêncios também são significativos. Cabo eleitoral de Lula em suas candidaturas presidenciais, a mãe de Helena, Luísa e Sílvia Buarque não quer falar do atual momento político. No máximo, respondeu a uma pergunta sobre um convite para interpretar a presidente Dilma no cinema.
Como diz uma colega de profissão: “Ter Marieta num trabalho pode ser interpretado como a cara do êxito, com o profissionalismo, a classe, o talento e a entrega habituais”. Leia a entrevista.
A Nawal Marwan é uma personagem dramática dentro de uma história épica e imagino que ela exija muita energia para ser representada. Você costuma se privar de alguma coisa, se resguardar fisicamente durante a temporada? “Quando estou em temporada de teatro, vivo em função da energia que preciso para a peça. Se durmo mal, me preocupo em descansar para recuperar essa energia que precisarei para o espetáculo”. Quem já assistiu ao filme canadense “Incendies”, de Denis Villeneuve, ainda assim tem surpresas com o espetáculo? “Surpresa, talvez não. Porque a história do filme é a mesma da peça, que é anterior ao filme. Mas o impacto da emoção ao vivo, todos os que já assistiram ao filme antes, dizem que no teatro é maior”. Considera que ter um teatro próprio deu liberdade para montar as peças que você quer? “Sempre me senti muito livre nas minhas escolhas teatrais. Mas o Poeira e o Poeirinha me dão outro tipo de alegria: que é saber que estamos contribuindo para a qualidade da vida teatral no Rio de Janeiro”. Consta que você já foi convidada para interpretar a presidente Dilma no cinema, mas recusou por problemas de agenda. Viveria esse personagem agora, se houvesse um novo convite e oportunidade? “Não sei pensar num personagem isoladamente. Tenho que pensar em quem está contando a história e como ela está sendo contada. Quando eu aceito um trabalho não é exclusivamente pelo personagem, mas pelo todo”. É bom ser dirigida pelo namorado? “É sempre muito bom ser dirigida por um diretor extremamente criativo, apaixonado pelo teatro e experiente. Seja ele namorado ou não”. Você tem planos já engatilhados para montagens futuras como atriz? Fazer novamente um musical, gênero que fez tão bem em “Ópera do Malandro”, está fora de cogitação? “Tenho planos para o cinema. Para o teatro, por enquanto, a retomada de ‘Incêndios’. Já tem muito musical sendo feito, não precisam de mim.