Segue, na íntegra, meu artigo publicado no jornal O Globo, deste domingo 21/07):
Quando desembarcar no Rio, o Papa Francisco vai encontrar uma cidade bem arrumadinha – todos os caminhos por onde passar vêm merecendo atenção especial das autoridades municipais, estaduais e federais. Mas não há maquiagem que consiga disfarçar problemas antigos, que são motivo de constrangimento e sofrimento para os cariocas.
Mesmo tendo convivido com muita miséria em sua Argentina natal, o Papa dos pobres, ou do povo, que sorri com o olhar, pode se entristecer ao perceber que uma cidade tão bonita – a mais visitada no Brasil – abriga uma população de rua tão numerosa. Na Prefeitura, apenas 1.500 pessoas estão cadastradas em programas de assistência. Saber quantas mais vivem no abandono é quase impossível. Muitos sequer têm registro civil, o que impede o acesso a benefícios sociais.
Também seria difícil explicar a Francisco por que os outros moradores do Rio são tão maltratados no sistema de transporte e nos hospitais públicos; por que suas escolas, já deficientes, são constantemente ameaçadas pela violência – evidências do abismo social de uma cidade que administra um orçamento anual de R$ 23,5 bilhões.
Apesar de receber a todos de braços abertos, como o Cristo Redentor, os cariocas também têm lá seus motivos para um mea culpa. Comparando com outras grandes capitais, a gentileza anda em falta e, sim, é uma cidade onde para tudo existe um jeitinho – aquela mania de querer se dar bem em cima do outro! Ou as manifestações demonstram que a cidade está mudando?
Muitos, entre essa gente simpática e bronzeada (em sua maioria), levam uma vida de contradições: querem a cidade limpa, mas jogam lixo na rua; detestam a violência vinda do tráfico, mas usam drogas; querem direitos, mas fogem dos deveres.
O Papa vai ver mais o “Rio de cima”, sem poder dimensionar o “Rio de baixo” – assim como quem está nos helicópteros ou nas janelas dos apartamentos da Avenida Atlântica. Do alto, quase não dá para imaginar o que se passa abaixo do nariz em cada uma daquelas quadras, antes da linda vista para o mar azul sem limite.
Se minha, nossa, Sua Santidade soubesse… no mínimo, iria rodar o seu Anel de Pescador, de nervosismo e tristeza! Melhor mesmo continuar inocente, até para que sua estada seja mais agradável, tanto quanto a brisa da estação e a temperatura amena, ideal para o seu figurino fechado.
Perfeito Lú!!! Parabéns pelo artigo.
Querida Lu, que bom olhar o seu sobre essa dura realidade… Parabéns, lindona…Bjosss
Lu
Acabo de ler seu artigo, show de bola, falou tudo, curta e direta. Seu eu já era seu fã e leitor diário, agora sou fã de carteirinha. Adoro a consição dos seus textos, as suas diretas, o seu recado. Parabéns.
Adorei também conhecê-la pessoalmente neste domingo na Feira de Antiguidades da Gávea, você é uma defensora fervorosa das coisas lindas do Rio de Janeiro e tem a certeza de que esta cidade nunca mais será a mesma depois da visita de Sua Santidade. Ele chega nesta semana para ficar para sempre no coração dos cariocas. beijos
Luiz Carlos Lourenço
Olá querida Lu Lacerda,acompanhei ontem o Fantástico,
e não foi surpresa alguma vê-la tomando a atitude que tomou.
Acompanho as suas matérias e vejo que pessoa justa e em
dia com sua consciência que você o é.
Agora ,eu também percebi que só as mulheres tiveram a coragem de
verdadeiramente defender o frágil do ser humano que estava ali,sendo
atacado e já tão acostumado a ser agredido e ter seus direitos usurpados,
que já nem reagia.Você naquele momento,falou por nós,mães,mulheres e
acima de tudo ,brasileiras.Povo que não quer mais se calar.Uma beijoquinha
e um forte abraço da sua admiradora,
Rosângela Percu Ramos de Azevedo
adorei , muito bom que o povo realmente acorde .e que sua santidade ore por nos. parabéns querida beijo