O paulista Rodrigo Pitta, que ficou conhecido no Rio quando escreveu e dirigiu o musical “Cazas de Cazuza”, lançou na internet, nesta quarta-feira (03/02), o samba “Será?!”, do álbum pela Som Livre que só estará pronto em agosto. O compositor, dramaturgo, publicitário e poeta divide os vocais da canção muito bem humorada, que tem tudo para emplacar no carnaval, com Ana Carolina e Elza Soares.
A música fala sobre a falta de homem no mercado e da sexualidade que “levanta dúvidas”. O samba já está provocando discussões: internautas se queixaram que a música reforça estereótipos. Rodrigo se defende: “Sabemos que ‘fazer samba não é contar piada’, mas neste caso a brincadeira serve à alegria, pois ‘o samba também é o pai do prazer’”.
Como surgiu a ideia de fazer a música “Será?!”? Foi só como diversão ou você tem o desejo de vê-la como um hit, uma nova versão de “Cabeleira do Zezé”?
“A música faz parte do meu novo álbum “PQP – Porque Pop ou Pátria que o Pariu”. É um disco sobre hipocrisia, sobre o Brasil atual e a crise que vivemos, até mesmo, inteletualmente. “Será?!” é uma canção que desvenda dois tipos: o narrador, que, mesmo politicamente incorreto, trata o assunto de forma engraçada, leve, irônica e não necessariamente preconceituosa. O outro tipo é o personagem. Um tipo que sempre ouvimos falar nas rodas de amigos: ‘Será que ele é?’
Tem uma coisa medieval nessa canção, como uma cantiga de escárnio ou da carne, que nos remete direto ao carnaval. Pensando por esse lado, como literatura, a poesia de “Será?!” pode ter os mesmos sabores de ‘Cabeleira do Zezé’.”
A letra foi inspirada no relato de amigas? A falta de um homem com qualidades é uma queixa que você tem ouvido com muita frequência?
“Ah, sim. Acho que a mulherada se sente bem representada nessa música e os gays também, porque as características admiradas pelas mulheres nos homens são, invariavelmente, mais percebidas nos gays, como a sensibilidade, a atenção e o gosto estético”.
Como conseguiu esse feito de ter a participação de Ana Carolina e Elza Soares na gravação da música? Elas estão fazendo alguma outro projeto com você?
“Ana Carolina já é minha amiga e parceira há quatro anos. Quando nos encontramos pela primeira vez, de cara compusemos a canção “Bang Bang 2”, que está em seu último álbum, “#AC”. Já Elza Soares está cercada de amigos meus e o acaso nos reservou um encontro apaixonante quando a entrevistei para a minha coluna semanal de um jornal. Elza aceitou o convite e pedi a Ana que fizéssemos a gravação na casa dela. Ana acabou caindo no samba e gravando com a gente também. Mas a grande responsável por aproximar as cantoras foi a canção, que tem refrão poderoso e frases engraças, que, agora, estou percebendo que também podem ser polêmicas”
Já teve internauta mal humorado comentando que a música reforça estereótipos. Esperava esse tipo de reação?
“Nem Jesus Cristo foi unânime e acabou crucificado. Sim, esperava reações patrulhadoras, mas não por parte dos gays, já que eles são os únicos elogiados na canção. Tudo bem que algumas pessoas entendam errado. O importante é a maioria se divertir e refletir”.
Fora o carnaval, o que mais está tomando sua atenção no momento? Algum álbum a ser lançado, peça de teatro?
“Estou focado na gravação do álbum e no lançamento dos outros singles: “Pilantra” e “Serviço de Preto”. Pelos títulos, já dá pra ver que vem mais patrulhamento por aí… Hahaha”
Abaixo, o clipe de “Será?!”