Pensa em alguém que mistura bem negócio e sentimento, o que pode mudar tudo, trazendo digamos, um calor a todas as situações! Diógenes Queiroz é desse clube: um nome muito associado à festas, mas também pode ser àqueles que se fazem por si, usando a autenticidade como trunfo. Talvez por isso, seja incomum passar pela sua vida sem ser conquistado. BJay, como é conhecido, tem uma agenda quentíssima, mas sempre considerando também o afeto — ele comemorou no mês passado seu aniversário de 40 anos, em Manaus (sua terra até descobrir o Rio) com um cruzeiro ao lado de 150 amigos (só os realmente íntimos — rsrsrs), passeando por atrações turísticas da Amazônia por cinco dias.
Resumindo: aos 17 anos ele chegou ao Rio e a epopeia começou. “Costumo brincar que cheguei no Sudeste em uma caixa da Gradiente, vindo da Zona Franca de Manaus. Na geografia, fui subindo — comecei por Maricá (Região dos Lagos), cheguei a Niterói, depois Copacabana, cheguei no Leblon e por aqui vou ficar, não quero ir pra Barra não. Aqui tá bom”. Enquanto fazia faculdade de hotelaria, trabalhou como comissário de bordo; depois de formado, como garçom, mais tarde, gerenciou o restaurante Quadrucci, no Leblon, no qual se tornou sócio este ano; e no meio disso tudo, começou a produzir eventos e a cozinhar — uma grande paixão.
Há três meses abriu, em sociedade com Celina Palhares, o Ateliê Pernambuco, na casa dela, no Jardim Pernambuco. Agora está preparando uma festa pós-ceia de Natal no Bar do Copa, nesta terça (24/12) — as mesas, a R$ 4 mil e R$ 8 mil, foram vendidas na sexta (20/12), em 15 minutos – cinco festas de réveillons em Trancoso, Bahia (onde produz eventos há 9 anos). Sem falar no carnaval, onde comanda um dos camarotes mais desejados da Sapucaí, o Allegria (com os sócios André Barros e Tonico Almeida). Ou seja, um Diógenes é pouco, mas ele diz dá conta. “Não consigo ficar parado. Minha filha, eu ligo o modo avião e vou indo, pareço aquele filme, ‘um morto muito louco’”. Sem esquecer do amor ao prazer. É ou não é?
Como vai ser a festa de Natal no Copa?
Por uma noite, vou fazer o Bar do Copa. Vou transformar o Mee todo, vai ter DJs, vou colocar luzes, globos no teto, tudo em tom vermelho. Vendi 12 mesas em 15 minutos, mas ainda tem 250 nomes na lista. E olha que eu escolhi para quem vender. O evento é pós-ceia, então não vai ter comida, só bebida.
Você gosta do Natal?
Acho um porre. É um êxodo rural, com todo mundo da família, avó, cachorro, não tenho muita paciência não. Queria pular logo para o réveillon. Já queria ir de branco. Então as pessoas vão passar com a tia chata que sempre pergunta se você está solteira (o), sai da encheção de saco, com aquela Sidra na cabeça e vai para o Copa encontrar os amigos. É legal porque é o último evento do ano para as pessoas se reunirem. O legal é que vem gente de todo o Brasil e as pessoas que moram fora. Essa época a galera vem, é um grande encontro. Acaba sendo um pré-réveillon dos amigos. Nego que é casado vai porque é o dia em que pode jogar a criança para ficar com a avó e vai pra farra tomar um drinque com a galera.
Como você faz para ter um tempo seu?
Estou naquela fase Martha Stewart (uma espécie de Ana Maria Braga da TV americana), coisas de dona de casa, quase fazendo curso de patchwork. Estou falando com você e regando as plantas. É preciso ter um escape. Porque eu respondo, no mínimo, por dia, umas 200 pessoas diferentes.
E réveillon?
Vou dormir no Copa na festa do Natal e dia 25 eu já parto para Trancoso. Faço cinco festas, inclusive a FeijoaJay com um toque de dendê.
As boas do fim de ano voltaram a ser as festas nos hotéis. Por que?
É muito cômodo. Você tem hospedagem, o serviço que está ali girando, e são hotéis icônicos, como o Hotel Nacional, maravilhoso; o Copacabana Palace, o mais tradicional; o Fasano que tem aquele terraço incrível; e o Farimont, em Copa, com sol nascente maravilhoso na cara do gol.
Se fosse escolher, onde passaria?
Que dúvida! Mas acho que eu faria uma Via Sacra. Primeiro passaria no Copa para brindar com a Andrea Natal; daria oi para Patrícia Brandão no Fairmont; daria um pivô no Fasano, com a Paula Bezerra de Mello; falaria oi Sheraton; e acabaria abraçado com Oscar Niemeyer no Nacional, jogado nos jardins de Burle Marx. Não vai copiar o meu roteiro, hein?
Onde anda o dinheiro no Rio?
Em São Paulo! Eu sou êxodo rural moderno aqui. No Primeiro semestre eu fui para lá comprar apartamento e tudo, não durei. Vou pra lá, tenho escritório lá, todo mês estou lá, mas o estilo de vida da coisa, eu precisava de algo como o Quadrucci hoje, com compromisso, estar lá todos os dias, então não posso ficar longe. Mas não troco o Rio por nada, sou entusiasta da cidade.
Fala aí do Rio agora
É lamentável como qualquer carioca falaria e não vejo a curto prazo isso se resolver. Mas o carioca é muito engajado em querer melhorar. Acredito que com o verão, o turismo dê uma melhorada, todo mundo vai vir mais para cá. E os problemas acabam no carnaval, tudo é samba, e isso é um ponto positivo do carioca, temos problemas, mas curtimos muito.
É fácil organizar fazer o mix para uma boa festa no Rio?
Conseguir uma mistura numa cidade que é quase uma província é complicado fazer uma boa alquimia. Pega um playboy, uma chinelada, uma patricinha, uma descolada, sacode e coloca ali. Festa só com hetero é chato, só com gay é chato, só com patricinha é chato. Tudo que tem muito é chato. Você fica naquela bolha, nada disso, quero saber o que o outro tem pra falar. No meu aniversário tinham grupos de vários lugares do País, eu tirei a internet no navio e no dia seguinte era um grupo só, as pessoas na faixa etária de 30 e poucos agindo como colegiais que tinham ido para um acampamento de fim de ano de escola. Um apego. Falta muito olho no olho hoje em dia. Hoje tudo é superficial, não era assim. O Brasil era gay, era tudo mais porra louca. Hoje as pessoas têm medo de se expor. Ninguém fala nada, tem que ser politicamente correto. Eu tenho uma licença poética que é: foda-se. Mas é penoso, eu tenho que seguir certas regras dependendo da empresa que me contrata.
Carnaval, camarote, conta aí..
O Allegria é meu ápice. Sempre é uma emoção para mim, fico muito entusiasmado, é o quinto ano do camarote. Fiz anos como RP de outros espaços e ter o meu é maravilhoso. E ainda mais ser bem falado e saber que as pessoas vão se divertir. Sou o único na Sapucaí que não tem curralzinho VIP. Os vips são todos que estão ali pagando o meu Leblon. Ouvi alguém falar esses dias que comprou ingresso para o Allegria porque lá é bom pra pegação, enquanto os outros as pessoas só olham e é essa a grande atmosfera do carnaval, brincar, vai ali, picaretou, beijou, tchau e tudo certo. Esse ano estamos voltando com uma dobradinha que deu muito certo: Deborah Secco como rainha e Victoria Strada como musa. A madrinha da FeijoaJay vai ser a Marina Morena, e o padrinho o Juninho, garçom do Jobi. Também fomos os primeiros a fazer evento na quarta de cinzas, que não tinha nada, porque a Sabrina Sato, que é minha irmã, assistia à apuração das escolas e não tinha nada. Meu setor é o 11 e é próximo da Praça da Apoteose, daí foi como surgiu e todo ano ela vai. É o primeiro dia a esgotar as vendas.
Como evitar o chato?
Quem me conhece, sabe que vou criando artifícios em que o Joselito (pessoa sem noção) não chega em mim — jogo logo um Olho de Thundera (do desenho animado Thundercats). Meu celular nem toca, nada. Agora, meus amigos se fodem. Chega no carnaval e eles dizem ‘nunca pensei que ser seu amigo seria tão difícil’. E antes de me conhecer, as pessoas dizem que tenho um ar de bicha blasé. Mas as pessoas que vão em eventos de pet shop que eu faço durante o ano, o convite já está no e-mail dela com o dia que ela quiser.
Você ficou muito amigo de artistas!
Isso foi muito lá atrás, claro que sou amigo da Preta Gil, Fiorella (Mattheis), Sabrina (Sato), Bruno (Gagliasso), mas hoje o meu foco como RP são pessoas bacanas normais da cidade, pessoas felizes, bonitas, ativas. Eu gosto de fazer o samba do crioulo doido. Fui setorizando, vendo o mercado, porque tem muitas pessoas boas que fazem esse nicho artístico, e a gente mora na Hollywood brasileira né?
numero: 13 Alguma história curiosa desses anos todos trabalhando com eventos?
Eu estava na porta de um, chegou uma pessoa e disse que era amigo do Diógenes. Falei, você teria como ligar para ele? Pegou o telefone e fingiu que ‘eu’ não estava atendendo. Daí chegou uma pessoa e falou ‘qual é, Diógenes’ e tal, daí ele virou, na maior cara de pau: ‘O que você fez cara, quase não te reconheci. Tirou o bigode?’ e me abraçou. Virou amigo na hora. Esse mereceu.
Alguma outra novidade na sua vida?
Eu amo cozinhar e me tornar sócio do Quadrucci foi uma conquista. Em paralelo, montei um ateliê de culinária com a Celina Palhares na casa dela, no Jardim Pernambuco, num espaço que estava ocioso. Com o fim de ano não tenho disposição para fazer tudo ao mesmo tempo, mas está rolando. Essa semana aconteceu um evento com uma chef que cozinhou para 20, 30 pessoas. É uma cozinha experimental, um espaço criativo, cozinhamos a quatro mãos, damos aula. Todas as quartas-feiras eu cozinho para os amigos, troco ideias, porque não consigo ficar parado por muito tempo.