Discursos, às vezes, são inevitáveis – na Academia Brasileira de Letras, rotina e obrigação! Quando inteligentes e bem-humorados, já fazem uma diferença, como foi na posse do poeta, dramaturgo, roteirista e tradutor Geraldinho Carneiro, nessa sexta-feira (31/03). Geraldinho (muito bem alimentado, depois da sopa que os imortais costumam tomar antes das posses), sempre fazendo autoironia, repetiu Antonio Callado, que, à época da sua posse, disse que talvez a única abstenção tivesse vindo do mais sensato entre os votantes.
O novo imortal seguiu saudando os colegas que o antecederam na cadeira 24 – seu último ocupante foi o crítico de teatro Sábato Magaldi, de cuja vida Geraldinho fez uma bela retrospectiva. Amigos de Sábato, ou de ambos, como Fernanda Montenegro, Christiane Torloni e grande parte da plateia, aplaudiam quase a cada respiração.
Antonio Carlos Secchin fez o discurso de recepção, lembrando que ele e Geraldinho (de quem é mais velho apenas 24 horas) fizeram parte da antologia “26 poetas hoje”, organizada por Heloísa Buarque de Hollanda. E prosseguiu num vaivém de citações, trocadilhos e brincadeiras.
Foi das noites mais cheias, com plateia variada, indo de Marluce Dias da Silva a Murilo Rosa; até alguns penetras famosos no Rio, inabituais ali, estavam lá a cumprimentar Geraldinho, passando por uma fila absurda.
Ao fim, o presidente da ABL, Domício Proença Filho, comentou com alguns jornalistas: “Hoje foi tudo rápido aqui: os discursos só duraram 1h20”, alguém avisou: “Foi muito mais tempo” – o que não mudava nada. O olhar de Geraldinho parecia vibrar de alegria – tanto quanto sua mulher, Ana Paula Pedro e o filho, Vinicius, de oito anos. Veja fotos na Galeria.