Ao ver, recentemente, Marília Pêra (acompanhada do marido, Bruno Faria) atravessar o salão do Celeiro, no Leblon, uma cliente do restaurante comentou: “Essa mulher tem classe, delicadeza, sensibilidade!…”, esclarecendo, em seguida, que nunca havia trocado nem um boa noite com a atriz – era apenas do que sabe, assiste, percebe pelo teatro, pela TV, pelas entrevistas. E acertou na definição, apesar de tão superficial. Não falou de tantas outras qualidades que, certamente, só quem a conhece de perto deve saber. Sobre o talento, não precisa falar nem uma palavra: todos sabem muito bem.
Pulando para o profissional: depois da curtíssima temporada, em julho, no Teatro Net Rio, em Copacabana, com “Herivelto como conheci”, Marília já começa a ensaiar outro musical. A atriz embarca para São Paulo nesta segunda-feira (06/08) para, ao lado de Miguel Falabella, ensaiar “Alô, Dolly!”, cuja estreia está prevista para outubro, no Rio. Marília vai viver a própria Dolly Levi, viúva casamenteira que se apaixona pelo cliente Horace Vandergelder, interpretado por Falabella – que também traduziu e adaptou e fará a direção do espetáculo.
UMA LOUCURA – “Acho uma loucura se apresentar em público, seja atleta, seja cantor, seja politico – é muito risco, todos avaliam, olham e julgam.”
UMA ROUBADA – “Uma roubada é a velocidade com que a maioria anda no trânsito. Eu ando muito de táxi, mas tenho pena de uma cidade onde correm agressivamente e perdem o encanto de uma cidade como o Rio.”
UM PORRE: “Mais do que duas doses de qualquer coisa, pra mim, já é um porre.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Tenho frustração por não ser bailarina e por não ser cantora lírica.”
UM APAGÃO: “Apagão é o que tem lá em casa quase toda semana, tendo que subir e descer escadas” (Marília mora na Fonte da Saudade, mas isso não é, digamos, um problema só dela!).”
UMA SÍNDROME: “Já tive síndrome de pânico há seis anos. O pior é quando você não sabe o que é, antes de ser diagnosticada. Atualmente, minha maior síndrome do pânico é de aeroporto – tenho mais pânico dos aeroportos que dos aviões. É horrível passar naquele detector de metais que quase põe a gente nua. Me sinto praticamente estuprada pelo Raio X dos aeroportos brasileiros. Para uma senhora idosa e conhecida feito eu, é puro exercício de sadismo, uma grande falta de educação. Estive há pouco tempo na Alemanha, e não se sofre tanto com isso.”
UM INSUCESSO: “O insucesso é quando termina um espetáculo e tenho a sensação de que não toquei o coração daquelas pessoas. Há muito tempo não vivo isso. Isso é o mais importante para uma plateia, seja do tamanho que for.”
UM IMPULSO: “O impulso do coração saltando quando se afina, quando comunga com o da outra pessoa. É a persectiva do amor e do afeto.”
UM MEDO: “Tenho medo de perder a esperança – nunca, Deus me livre! Claro que não estou falando da Esperança, minha filha.”
UMA IDEIA FIXA: “Tenho ideia fixa em tratar bem o público, tratar com respeito, apresentar um bom espetáculo, retribuir o carinho do público.”
UM DEFEITO: “Tenho vários defeitos, mas a ansiedade é um dos principais. Outro é me abalar muito com rejeição ou com o que eu invento ser uma rejeição.”
UM DESPRAZER: “A poluição sonora é um grande desprazer – tenho impaciência com pessoas que falam muito alto. A pior coisa é querer dormir e ter, por exemplo, um baile funk até de manhã pertinho de casa.”
UMA PARANOIA: “Sou como criança, tenho antenas vibratórias, às vezes percebo que tem alguma coisa no ar. um clima pesado pode me gerar paranoia”.