Heloisa Périssé, a Lolô, volta ao teatro em “Loloucas”, ao lado de Maria Clara Gueiros, no Teatro Riachuelo, no Centro (4 a 13/08, sexta e sábados, às 20h; e domingo às 18h). A comédia fez três temporadas com casas lotadas no Rio e São Paulo, em 2018 e 2019, mas, quando elas entrariam em turnê, em 2020, veio a covid.
“Loloucas” tem texto Périssé quando meio século bateu no RG (hoje ela tem 56), e então começou a refletir sobre sua história. Convidou Otávio Muller para a direção e Maria Clara Gueiros, amiga há mais de 30 anos, para interpretarem duas mulheres que vão ao teatro e chegam atrasadas (voltariam da porta se fosse para a peça de Antônio Fagundes — rsrsrsrs).
E na trama, foi o que quase aconteceu; elas até tentam ir embora, mas acabam no palco falando, com humor, sobre amigos, realizações, frustrações, sonhos, a passagem do tempo e a vida. “Quando cheguei aos 50 pensei: não vou ter mais 50 pela frente. Então, quis canalizar essa energia de uma forma sábia”, diz Lolô, que, além de autora do texto, também compôs as letras musicadas por Max Viana, diretor musical e compositor da trilha.
Carioca — mas com a baianidade na alma (morou em Salvador de 11 aos 18) —, ela começou a carreira no fim da década de 1980, quando participou do espetáculo “As Guerreiras do Amor” (1988), de Domingos de Oliveira, seguiu nos palcos nos anos seguintes e estreou na TV em 1994, na minissérie “Incidente em Antares” e, no mesmo ano, foi convidada para o elenco de “Escolinha do Professor Raimundo”. Em 2001, experimentou o auge no teatro, quando, ao lado de Ingrid Guimarães, estreou “Cócegas”, de autoria das próprias atrizes, sucesso absoluto, ficando mais de 10 anos em cartaz. A personagem Tati é inesquecível para várias gerações.
E, assim, com talento saindo pelas orelhas, a atriz Perissé também vai levar outra peça, “A iluminada”, para Salvador, nos dias 18, 19 e 20 de agosto, que escreveu durante a pandemia depois de se recuperar de um câncer nas glândulas salivares.
UMA LOUCURA: Acreditar na minha loucura. imagino que, quando uma coisa passa pelo meu coração, não posso fazer diferente daquilo, mesmo que as pessoas digam que não vai dar certo, que seja inviável… Não me interessa, sentir no meu coração e acreditar nas minhas loucuras é o que mais vale a pena.
UMA ROUBADA: Quando acho que posso suportar todo peso do mundo nas costas, quando começo a querer organizar a vida de todo mundo, quando eu acho que as pessoas têm que fazer como eu acho que tem que ser e quando a ficha caiu, eu vejo que o mundo realmente corre aleatório daquilo que eu quero.
UMA IDEIA FIXA: Ser feliz e eu vou fazer o que tiver que fazer pra isso. Parece díspare o que estou falando, porque ser feliz é prejudicar uma pessoa? Não. É conseguir uma harmonia no mundo que eu vivo, então em vez de eu fazer um processo de repelir, faço de harmonizar, e isso demora um tempo porque vira um trabalho interno meu. Quando consigo trazer pra mim a responsabilidade, e isso é um esforço diário, conseguir equalizar as coisas e com isso, ser feliz. É trabalhoso, mas isso é uma ideia fixa que não vou desistir, em ser uma pessoa feliz e fazer do mundo um lugar feliz.
UM PORRE: No momento, fugindo dele, mas, quando é inevitável, curtir até o fim.
UMA FRUSTRAÇÃO: Não ter jeito pra tocar um instrumento ou saber desenhar para ser uma arquiteta
UM APAGÃO: Se eu apaguei, como vou saber? Kkkk não lembro kkkk
UMA SÍNDROME: Síndrome de deixar tudo em ordem, sempre arrumando, limpando, passando um pano, ajeitando um quadro, esteja eu onde estiver
UM MEDO: Procuro não conectar com medo, lembrando sempre que o verdadeiro amor lança fora todo medo. Procuro o melhor do medo, na minha opinião, a prudência. A grande conclusão é que a vida começa a acontecer na sua plenitude quando se perde o medo de perder. A partir de uma certa idade, podemos nos sentir mais livres de julgamentos. É um momento maravilhoso em que, sem medo, se perde o telhado para ganhar as estrelas. No caso da peça, nesse sentido, as duas personagens ensinam a envelhecer com muita alegria.
UM DEFEITO: Vários! Seria necessário mais espaço, mas, digamos, começar várias coisas ao mesmo tempo e depois me perder no meu caos. E olha que já melhorei!!!
UM DESPRAZER: Ter que ler certas páginas do jornal e tomar ciência de como ainda precisamos evoluir.
UM INSUCESSO: Talvez não ter sido tão presente como mãe quanto eu gostaria. O tempo voa e, quando abrimos o olho, elas que estão cuidando da gente.
UM IMPULSO: De decidir as coisas pelas pessoas. Isso é muito chato pq ponho um peso nas minhas costas que nem é meu e que de repente o outro nem quer eu tenha esse trabalho!!! Tudo à toa!
UMA PARANOIA: Já tive várias paranoias; hoje em dia, já sei segurar mais meus gatilhos, domino melhor minhas paranoias, graças a Deus! Mas se tivesse que dizer uma, sempre acho que poderia estar fazendo mais!