Faço sempre alguma coisa errada. Tento me acertar mesmo que desencontrada. Sou artista de antes, durante e, se sobreviver, de depois da pandemia. Sou artista de todo dia. Ah, como podemos estar, como estou depois de um ano e meio de desamparo, de estupor por tanta dor causada por uma pandemia, o despreparo e o desamor de um governo. Ah, como estamos, como estou? Somos um povo em desalento, esperando a todo momento uma luz no fim do túnel, mas essa luz tão esperada tarda a chegar. Tento viver buscando energia positiva para quebrar a agonia, por isso, e como sempre, faço poesia todo dia. Faço música para espantar todo mal que há.
Com meus parceiros, lutamos e resistimos através da arte. Estou com “Plou!”, meu novo livro, nas ruas; “Plou!” significa o som da ideia – traz a ideia de ter ideia. Penso aqui e agora em como ter um mundo melhor, onde não haja ganância, e a abundância transborda nos corações. Rezo, peço todo dia que a magia da alegria invada nossas almas e consiga combater as desilusões. Que o ser humano venha melhor depois de tudo isso.
Sugestões eu aceito e abro o peito. De próprio punho eu cunho e deixo a marca na arca da vida, vivida, rebatada, expandida, exaltada, nos quatro cantos aos prantos e aos risos, com muito e pouco siso eu digo e repito que o mundo nu se mostra, sem saber a pergunta nem a resposta. Que a humanidade dizendo do que gosta, besunte de amor e aposte na poesia e no viver com harmonia.
Hoje de manhã, eu cantei para uma amiga as músicas que o Moraes (Moreira) fez pra mim, e pensei: estou à espera de noites alegres, como foi aquela em 2018, no relançamento do “O Livro Vermelho de Maria Vasco”, tendo Chico Caruso, de fraque vermelho, como mestre de cerimônias, enquanto ele cantava num palco improvisado. É tanta saudade. Reli também a orelha do meu novo livro que Mônica Martelli, a quem tanto amo, escreveu e me emocionei quando ela disse: “Maria é apaixonada, Maria sonha, Maria realiza”.
A carioca nascida em Pernambuco Maria Vasco é artista plástica, compositora e poeta. Está lançando “Plou” (Editora 7Letras), com capa de Ziraldo e apresentação de Mônica Martelli).