Em “A mecânica das borboletas”, a qualidade da encenação obriga a que se tenham uma boca de cena esplêndida, uma iluminação com recursos, um som privilegiado. E tudo isso se torna possível, pois o espetáculo está em cartaz no Teatro Imperator, no Centro Cultural João Nogueira (Méier), que possui todos os atributos esperados em um teatro de altíssima qualidade: visão excelente em qualquer lugar, audição perfeita, recursos técnicos dos melhores lugares do mundo
A peça narra a volta do filho pródigo Rômulo (Eriberto Leão) para reencontrar seu irmão gêmeo Remo (Otto Jr.), sua mãe, Rosália (Betina Viany), e sua namorada, Liza (Renata Guida). Ao chegar, vê a namorada casada com o irmão, a mãe enlouquecida pela ausência do filho e consequente morte do marido. Rômulo tinha virado um escritor de sucesso, enquanto Remo levava a vidinha pequena de ser mecânico, apesar de querer voar alto.
“Sentimentos de perdas prevalecem em quem busca o sonho de desbravar o mundo e em quem escolhe ficar no mesmo lugar, na mesma cidade. O primeiro acha que perde a participação no crescimento, desenvolvimento e amadurecimento da família. O outro tem a sensação de perda por não aproveitar novas oportunidades e experiências que conhecer o mundo pode proporcionar”, analisa Walter Daguerre, autor de “A mecânica das borboletas”, espetáculo dirigido por Paulo de Moraes.
O cenário de Carla Berri e a iluminação de Maneco Quideré são fundamentais para compreender-se o conflito dos gêmeos e como conseguem, cada um a seu jeito, realizar o próprio sonho. Uma moto gigantesca pousa ao fundo como elemento em que todos os personagens se concentram para poder radicalizar – como os espectadores ficam prontos a sonhar dentro de um espaço físico de altíssimo padrão. “Padrão Fifa”, diriam os críticos.
Serviço:
Teatro Imperator
Sexta: 21h
Sábado: 20h
Domingo: 19h30