Conhecido repórter e correspondente internacional da TV Globo, Edney Silvestre surpreendeu todo mundo quando virou escritor: de cara, ganhou o Prêmio Jabuti de Melhor Romance e o Prêmio São Paulo de Literatura, categoria estreante, em 2010, com “Se eu fechar os olhos agora” – antes, já havia publicado outras crônicas e entrevistas. É também âncora do Globo News Literatura, entrevistando grandes escritores, sem nem imaginar que, em pouco tempo, sentaria na cadeira oposta.
“Se eu fechar os olhos agora” vai ser editado, ainda em 2013, na França, Grã-Bretanha, Alemanha e Itália – tá bom, né? Em 2011, lançou o segundo romance “A felicidade é fácil”; em ambas as noites de autógrafos, foi um campeão de vendas e, como diz uma amiga, “leva o Rio de Janeiro inteiro para sofrer nas enormes filas” – o que demonstra como Edney é querido.
O cara também anda escrevendo peças: ano passado, “Boa noite a todos” estreou durante a Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco), com aplausos intensos. Como ele consegue tempo? É um mistério igual ao do seu próximo romance, ainda secreto!
UMA LOUCURA: “Acreditar que filho de dono de armazém e tecelã poderia ser o que quisesse na vida.”
UMA ROUBADA: “Achar que o Rio era uma cidade democrática e aberta. Quando eu me mudei pra cá, fim dos anos 60, no Colégio Aplicação, eu achava que todo mundo era igual, e não é, tem os mais iguais.”
UMA IDEIA FIXA: “Ir em frente.”
UM PORRE: “Um porre é aguentar porre e loucura dos outros, sem falar no bafo. Bebo pouco, álcool me dá sono.”
UMA FRUSTRAÇÃO: “Não ter tido tempo para refazer a relação com meu pai. Saí de casa aos 15 anos, e meu pai morreu depois, num acidente, em Valença.”
UM APAGÃO: “O momento entre a perda do freio, a batida do carro e a saída do pronto socorro, na adolescência, num acidente grave também em Valença, quando um jipe perdeu o freio.”
UMA SÍNDROME: “Tenho a síndrome da gratidão. Tenho muitas pessoas que foram generosas comigo, Não vou falar o nome dos vivos pra não parecer puxa-saquismo. Um exemplo é o Evandro Carlos de Andrade” (Evandro foi diretor de jornalismo da Rede Globo de 1995 a 2001, quando morreu).
UM MEDO: “Tenho medo de morrer com dor – conheço de perto, já tive várias. Quando acontecer, que seja rápido.”
UM DEFEITO: “Meu maior defeito é não esquecer mágoas – minha memória é muito boa. Quando encontro pessoas que me magoaram, é muito difícil, mas vou embora do lugar e deixo pra lá. Não sento à mesa com quem me magoou.”
UM DESPRAZER: “Prefiro lembrar os prazeres, já que os aborrecimentos são inevitáveis.”
UM INSUCESSO: “Insucesso foram vários, tantos, que fica difícil citar um.”
UM IMPULSO: “Sonhar o sonho impossível. Minha vida profissional pode ser um exemplo.”
UMA PARANOIA: “Tenho paranoias com ruído de helicóptero, depois do 11 de setembro (data do atentado terrorista às torres gêmeas em Nova York). Eu fui o primeiro repórter da TV brasileira a chegar ao local – era correspondente da Globo.”