A abertura da exposição “Olhares da Terra”, com fotos, fragmentos, “recortes” do Jardim Botânico, lotou a Casa do Saber, na Lagoa, em três horas intensas, na noite dessa quarta-feira (31/10), Dia das Bruxas. Como a mostra é minha (Lu Lacerda) e não fica bacana falar de si mesmo o que só pega bem ser dito pelos outros, só indo lá visitar.
Opiniões de todo tipo são bem-vindas: as de artistas, como Antonio Dias; de curadores, como Vanda Klabin; de admiradores de fotografia, como Lilibeth Monteiro de Carvalho e Gigi Basto; de jornalistas, como Edney Silvestre já foram ditas ali, na hora. São generosas, mas outras também são bem-vindas – sei! Veja Galeria de Fotos – diante de tanta gente, em ordem alfabética pela esquerda.
Antes, leia textinho do catálogo, o que dá uma ideia do significado da exposição. O Jardim Botânico é o lugar mais importante que eu tenho no Rio: pelo parque em si, pelo clima, pelas cores e, às vezes, até pelo lixo. E, juntando isso tudo, descubro que, também, pelo oculto. Um dia, já olhei para uma planta e agradeci. No silêncio, não falei nada; acho que ela, também não – são ouvintes fiéis! Numa fase meio triste, eu olhava muito pro chão e, como uso o JB praticamente como um consultório de psicanálise, já aconteceu de eu chegar com perguntas e sair com respostas, de chegar com a cabeça abaixada e sair reta, de chegar com o olhar aflito e sair calma. Ali tem oxigênio, folhas, sombras, ciscos, cheiros, ruídos… Converso tudo com as plantas – aquelas confidências absurdas, sim, também! Acabei dando de cara com coisas surpreendentes. Num dia típico de verão no Rio, enxerguei um bueiro onde estava grafada, no metal, a palavra “carioca”. Pensei: “Esse não explode e não entope; tem sempre alguém cuidando dele!” Daí em diante, comecei a reparar nos olhares das árvores, nas cascas grossas, nos espinhos afiados, nos galhos longos, nos troncos magros (e até em um deles que, quando magoado, sai “sangue”). Passei a fazer as imagens, pensando numa exposição. Quis registrar algumas “mensagens”, onde tudo muda de um dia pro outro. Nada é o mesmo: como eu e você!