Como amplamente divulgado, Bruno Chateaubriand foi vítima de uma cena homofóbica na Rua Farme de Amoedo, em Ipanema, na tão famosa e chamada de cosmopolita cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, quando jantava com amigos na lanchonete Néctar, semana passada. Um grupo que estava em outra mesa ameaçou o jornalista, que disse ter sido a cena mais constrangedora que já passou nos seus 37 anos. Fala ainda do que veio à sua cabeça naquele momento: “Me senti desamparado”.
Insultado e magoado, Bruno continua escrevendo no site da revista Veja, editando a revista Momento Inesquecível, fazendo o programa “Um Outro” na Nativa FM – mas sem tirar o assunto da cabeça. Bruno, que já foi jurado no carnaval carioca em 2008, 2010 e 2012, no quesito Alegorias e Adereços, é casado há 16 anos com o empresário André Ramos, e defende os direitos LGBT, não com unhas e dentes, mas com inteligência. No mais, a vida vai continuar dentro da normalidade: pensando na próxima festa de réveillon e na próxima viagem, coisas que ele adora.
UMA LOUCURA: “Loucura foi abandonar a ginástica em 1998. Fui da Seleção brasileira entre 92 e 98. Naquela época, senti um vazio muito grande na minha vida. Eu estava com 23 anos, e os atletas vão até os 30, em média.”
UMA ROUBADA: “Perceber que agressores como os meus estão fazendo a festa no Facebook deles e rindo de mim. É revoltante saber que ainda existe um pouco caso com os gays por grande parte da população.”
UM PORRE: “Acho um porre ter que aturar bêbados pendurados no meu ombro falando 30 vezes a mesma coisa – isso é insuportável. Bebo apenas socialmente. Aos 19 anos, tomei um porre de absinto: fiquei quatro dias pra me recuperar.”
UMA FRUSTRAÇÃO – “Me deixa frustrado perceber que, numa cidade como o Rio, num bairro cheio de acesso a informação, com o metro quadrado mais caro do Brasil, a pessoa ainda ter que passar por esse tipo de situação e constrangimento que eu passei.”
UM APAGÃO: “Foi em 2007, quando trabalhei no SBT, no Viva a Noite, e fiquei longe do André e da minha família. Gostaria de passar uma borracha; lembrar isso não me faz bem.”
UMA SÍNDROME – “Tenho a síndrome da arrumação quando estou triste. Arrumar as gavetas é como se estivesse rearrumando a minha cabeça.”
UM INSUCESSO: “São muitos. A gente tem que saber viver no fluxo dos sucessos e dos insucessos – fazem parte do fluxo.”
UM IMPULSO: “Sou cada vez menos impulsivo – tomo decisões muito mais pensadas. Se fosse como era no passado, teria partido para o confronto com os agressores na Farme e, certamente, teria me machucado mais ainda.”
UM MEDO: “Medo de ter levado uma garrafada ou uma cadeirada desses homofóbicos quando eles disseram: “Viado (no Rio, é assim que costumamos escrever, com o “i” no lugar do “e”), quando sair daqui vai apanhar muito.” (Bruno saiu do local escoltado pelos amigos).
UMA IDEIA FIXA: “Tenho ideia fixa de um dia conseguir conviver ainda com o fim do preconceito. Preconceito, de uma maneira geral, não só na orientação sexual.”
UM DEFEITO: “São tantos defeitos que eu tenho até vergonha de dizer.”
UM DESPRAZER: “O maior desprazer é lembrar de falsos amigos, de pessoas aproveitadoras. Já convivi com muitas delas; mas, com a maturidade, você aprende muito. São 15 anos convivendo em sociedade. É uma escola sobre o assunto, você não acha?”