O prazer à mesa tem conquistado lugar de destaque no Rio, citando, por exemplo, a primeira vez na cidade de uma premiação internacional, o “Latin America’s 50 Best Restaurants”, que a coluna, gastronomaníaca desde sempre, tem publicado exaustivamente. E continuamos já que, como efeito, temos a movimentação turística em vários restaurantes. Ganha todo mundo: os premiados e, mais ainda, os amigos dos amigos dos amigos dos chefs e envolvidos.
Entre muitas escolhas, há uma identidade no topo do hotel Emiliano que não é apenas a vista para os cobogós estilizados (e branquinhos) da arquitetura internacionalmente premiada de Artur Casas. É que, lá de cima, onde se avista toda a orla de Copacabana (aquela “unha” que a gente ama), o chef Camilo Vanazzi, do Émile, comprova que, com quatro anos de Rio, aprendeu do que os cariocas gostam. O novo menu servido pelo gaúcho nas alturas mescla contemporaneidade, ousadia, produção autoral e inteligência.
“Eu me rendi completamente aos peixes do Rio, principalmente ao olho-de-cão e pargo, que são muito saborosos, suaves e delicados”, diz Vanazzi, depois de impressionar com sua couve-flor braseada e escoltada por fonduta de cogumelos, leite de amêndoas e amêndoas laminadas, e seguir com uma nova leva de pratos para compartilhar, como um pargo vermelho inteiro assado no dill e limão siciliano, com baroa e wasabi. Tudo estará no menu de verão do Emile.
Mestre em História e Cultura da Alimentação pela Universidade François Rabelais de Tours, na França, com passagem por restaurante estrelado e vivência nas Ilhas Fiji, Camilo é conhecido por combinar frutas às suas criações: figo com cupim, queijo e cupuaçu, pato e pêssego, atum e damasco, olho-de-cão e tangerina, salmão e maçã. “Os cariocas gostam demais é de conversa boa fiada, açaí e um bom dia pela praia”, emenda. “Acredito que as combinações de texturas e sabores, com a brincadeira de muitas cores pelo prato, é uma coisa que conquistou o público daqui”.
UMA LOUCURA: Loucura é investirmos rios de dinheiro em tecnologia/Nasa/Melhorias futuristas se não conseguimos nem resolver os problemas básicos do Planeta: fome, desmatamento e saneamento.
UMA ROUBADA: É estar em má companhia nos melhores lugares do mundo.
UMA IDEIA FIXA: Transformar os dias melhores das pessoas que fazem parte da minha comunidade — gerando o bem, o sorriso, ouvindo as pessoas ou oferecendo palavras de afeto.
UM PORRE: É saber que existem pessoas sempre querendo passar as outras para trás — a malandragem.
UMA FRUSTRAÇÃO: Não conseguir viajar no tempo e ser uma mosquinha para conhecer as outras épocas deste mundo, século XIX e XX em especial.
UM APAGÃO: É esquecer as coisas que vivi, misturar diferentes bebidas e dar blackout da noite anterior (risos).
UMA SÍNDROME: É deixar a casa toda arrumada antes de viajar, para quando voltar eu poder aproveitar o meu canto.
UM MEDO: Medo de perder o sentido da vida, de perder a esperança por dias mais coloridos para as pessoas.
UM DEFEITO: Ser desconfiado demais e demorar para confiar nas pessoas.
UM DESPRAZER: São os “donos” do mundo: aturar atitudes e pessoas que se acham os donos do mundo (você sabe com quem está falando?), sem reconhecer que somos todos de carne e osso, viemos e vamos para o mesmo lugar.
UM INSUCESSO: É ser bem-sucedido em uma carreira de grandes conquistas/patrimônio, achando que isso foi por causa somente de sua “genialidade”. Não saber agradecer as pessoas, as ideias, as broncas, os fracassos, e as pedras no caminho são um grande insucesso.
UM IMPULSO: Não tenho muitos impulsos, sou um cara bem pé no chão. Sou, desde novo, um cara bem idoso (risos).
UMA PARANOIA: Tenho paranoia de gente sem modos sociais, que não sabe respeitar o espaço e a individualidade do outro indivíduo. Todos somos únicos e todos deveriam se respeitar por isso.
Por Bruno Calixto