Em primeiro lugar, segundo o dicionário, a dica é uma “boa indicação, informação proveitosa, útil e específica que ajuda alguém a fazer alguma coisa”. Os sinônimos são pista, conselho, indicação, macete, bizu, plá etc. Entre o significado e o sinônimo, já sentimos uma certa incoerência.
Um macete nem sempre é uma boa informação, e uma pista nem sempre ajuda alguém a fazer alguma coisa que vai dar certo. Arquitetos, médicos, advogados, engenheiros…. sempre se apavoram quando a palavra é “dica”.
Em qualquer profissão, um conselho não é um caminho nem uma informação útil e específica, pois, além de todas as improbabilidades e da impermanência das coisas, uma consulta médica, por exemplo, vai muito além de um conselho – isso pode ser visto em todas as profissões.
Avaliação, pesquisa, comparações e estatísticas acontecem quando se faz um trabalho. A dica é sempre muito superficial e pode, ao invés de ajudar, atrapalhar bastante. Na arquitetura não é diferente: uma dica pode comprometer um projeto ou destruir um ambiente harmônico. Entretanto, uma opinião ou um olhar pessoal é totalmente diferente.
Ao elaborar um projeto ou uma ambientação, o olhar e a opinião de quem for morar ou as especificidades do público que for utilizar aquele local são fundamentais. Isso faz parte de uma pesquisa importante para que um trabalho sério tenha um resultado feliz para todos.
Quando a dica parte de terceiros, pessoas externas ao processo de criação, o resultado pode ser ainda mais desastroso. Nós, arquitetos, vemos isso o tempo todo e podemos dizer que até os médicos sofrem com as famosas dicas externas.
Contudo, existem alguns casos em que a dica pode ser muito útil – geralmente, quando ela vem do profissional que participou daquele projeto. Os anos se passaram, as novas tecnologias apareceram, novos materiais, a casa evoluiu, nossa dinâmica de vida mudou, e assim o projeto ou a casa envelheceram.
Nesses casos, uma dica vindo de quem participou daquela criação ou de quem compreende e entende aquele espaço pode resultar em uma renovação consciente e harmônica. O equilíbrio entre a dica positiva e a dica desastrosa está no entendimento do projeto.
Nem sempre as pessoas que trabalharam naquele projeto existem mais, no entanto, a casa ou espaço sempre têm uma memória da ideia inicial. Nós adoramos renovar e modernizar um espaço existente, revisitar a memória daquele local, entender o porquê de cada espaço, como foi criado, como viviam… Trazer um novo olhar do momento com as tecnologias disponíveis.
O resultado é único, além de supersincronizado com a nova ordem mundial para a economia circular: reaproveitamento, sustentabilidade, reúso e ressignificação.
A maior dica é: avalie, pesquise e chame um profissional para fazer um trabalho consciente e seguro em cima do seu olhar estético e sobre o espaço. Dessa forma, bem-estar, conforto e elegância que combina com você estarão garantidos.
Viver bem em casa muda nossa vida para melhor e é terapêutico!