O espetáculo “Tom na Fazenda” (no original em francês, “Tom à la ferme”, do autor canadense Michel Marc Bouchard), com tradução de Armando Babaioff, também em cena com Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary, está reluzindo na França. Desde o dia 7 de julho, a peça está em cartaz no teatro Château de Saint-Chamand, no festival de Avignon, o maior encontro de artes cênicas do mundo, lotando todas as apresentações, e vai até dia 26 de julho.
O espetáculo, com direção de Rodrigo Portella, já fechou 17 cidades naquele país e recebeu convites para Barcelona, Turquia e Bélgica (para o teatro Nacional de Bruxelas, como se fosse o nosso Municipal). Por isso, a produção está abrindo uma empresa em Paris, só para a logística de viagem de “Tom”. Que tal?
A peça, que esteve em cartaz no Brasil, há quatro anos, conquistou prêmios, como o Shell e o Cesgranrio de melhor ator e melhor diretor, respectivamente, para Babaioff e Portella, mas foi o prêmio da crítica em Quebec, no Canadá, que os levou até o Festival de Avignon. “É muito louco isso tudo. Não somos conhecidos, não somos uma companhia. Somos uma produção independente tentando uma internacionalização de uma peça de teatro brasileira, e sem patrocínio. O famoso boca a boca, que aqui se chama ‘bouche à oreille’ (boca a orelha) começou, e estamos com casa cheia há uma semana”, disse Babaioff sobre o teatro com capacidade para 100 pessoas, mas com acréscimo de até 130 sentadas nas escadas. Pelo sucesso, a peça está a toda nos jornais franceses, com críticas incríveis, como para a Radio publique d’information, a RFi, no L’Humanité, Le Parisien e La Provence.
“Posto em cena por Rodrigo Portella, a versão brasileira chega a Avignon, coroada de prêmios muito merecidos – especialmente pelas interpretações magistrais de Armando Babaioff e Gustavo Rodrigues, por razões diferentes e por sentimentos extremamente ambivalentes. Fantástico!”, diz a crítica do Le Parisien.
“A atuação admiravelmente justa e carnal dos atores Babaioff (Tom), Rodrigues (Francis), mas também Ravenle no tocante papel da mãe, e Nhary, que interpreta uma namorada imaginária, exacerba a brutalidade, a grosseria e a sensualidade da peça. À força estética e magnética do gesto, há também uma dimensão eminentemente política, tendo o espetáculo sido criado e amplamente distribuído no Brasil, país onde a extrema-direita continua a perseguir homossexuais, como todas as minorias”, disse o RFi.
O espetáculo termina com uma bandeira do Brasil feita pelo artista plástico Raul Mourão, a “The New Brazilian Flag”, sem a esfera azul com as 27 estrelas e sem a inscrição “Ordem e Progresso”.