Falar de casa na telinha do celular ou da supertela do computador para trabalhar virou hábito para quase todo mundo. Com isso, a casa passou a ser “pública” e privada ao mesmo tempo, um mix de funções e um novo olhar sobre o morar. Assim como a roupa nos define, a casa também; por isso, muitas pessoas antenadas expõem suas casas ao mundo da mesma maneira como se vestem para sair.
“Esta é a minha casa. Durmo aqui, assisto à TV lá, trabalho ali”, e assim vai… Esses dois olhares, o privado e o público, mudaram muito a forma de ambientar a casa.
Numa comparação a um passado distante, costumávamos sair pouco para a rua e nos arrumávamos só para situações formais e restritas a um grupo de pessoas. Hoje jantamos, vamos a bares, shows, teatros, cinema, compartilhando nosso estilo de vestir, comportando-nos diante de um público cada vez mais extenso e desconhecido. O mesmo acontece quando postamos e colocamos a nossa casa na vitrine — com ambientação que nos representa para mostrar nossa personalidade.
A casa é a imagem do nosso tempo e de nós mesmos.
Perguntamos à talentosa designer gráfica Luíza Quentel, 36 anos, da LQ+, como é a nova casa nesse mundo onde tudo é público e privado. “Minha grande mudança foi o trabalho em casa. Hoje vivo o trabalho nos dois lugares, de forma cada vez mais intensa. Convivo com o espaço de trabalho e o meu dia a dia. Às vezes, bem no início, confesso que me sentia invadida, mas, com o tempo, fui me adaptando e transformando, de forma bem prática e confortável, um espaço para trabalhar e também para aparecer nos meus “calls” profissionais. Sempre vi e vivi a arquitetura através da minha mãe (Patricia Quentel, uma das diretoras da CasaCor)”.
E continua: “Para mim, casa é vida e vívida. Mantenho minha casa no modo híbrido: pública e privada. No entanto, prefiro expor menos todos os espaços — minha casa é a minha marca pessoal. Adoro receber e fiz questão de colocar minha identidade: amo plantas e livros. Minha casa foi reformada pela minha mãe e o grande amigo dela, o arquiteto Mauricio Nóbrega, mas, ao me mudar, coloquei minhas referências e afetos. Acredito muito na arquitetura do olhar, da harmonia das proporções e na mistura do olhar pessoal e da sensibilidade que colocamos em nossa casa. E acredito que podemos, através disso, viver com calma e tranquilidade o momento atual: casa, trabalho, imagem e acolhimento.”