Quem é o carioca que não conhece a loja de lingerie Futurista, em Ipanema, ali, há 82 anos? Fundada em 1939, na esquina das ruas Vinicius de Moraes com Visconde de Pirajá, é a mais antiga de lingerie da cidade. Na última semana, um cartaz escrito à mão, pregado na vitrine, anuncia seu fechamento, dividindo a atenção com a manequim de calcinha e sutiã pretos: “Esse novo luto é mais uma derrota do comércio de bairro para os grandes magazines. Lojas, como a Futurista, pertencem à esquina do passado”, disse o jornalista Joaquim Ferreira, em sua crônica espetacular desta segunda (13/12), no O Globo. E ainda: “É possível escrever um capítulo da história da carioca nos últimos 82 anos, pesquisando apenas o que foi exposto na vitrine da Futurista. É uma pena que ela não tenha sido tombada como uma espécie de Museu de Belas Artes da intimidade feminina.”
Entre as novas desempregadas, estão as vendedoras: a carioca Sheila Silva, ali há 26 anos, e a cearense Gladis Magalhães Fiusa, há duas décadas. Perguntadas sobre o que vão fazer da vida, ambas dizem ainda não ter ideia. A loja foi fundada 10 anos antes da popularização das pin ups americanas dos anos 1950, com seus sutiãs, calcinhas e cintas-ligas de renda dando um clima mais sexy, algo muito ousado, já que o romântico ditava a moda. Provavelmente muitas bisavós e as gerações seguintes fizeram a festa naquele endereço.