Mamãe com o avental todo sujo de ovo. Mãe é só uma porque duas ninguém aguentava. A melhor mãe do mundo passando por minha mãe é uma peça, muito se fala, se discute, se ri, se enternece ao se falar do mais difícil, complicado, mas o mais importante relacionamento da vida de qualquer ser humano. E como se falar do fim, da morte, do erro, do acerto? Desses temas é que se faz a lei dramatúrgica de “Mamãe”, em cartaz no Teatro Dulcina.
Então, falar de morte, ainda mais de uma morte sofrida, poderia parecer, à primeira vista, um drama daqueles de soluçar. Não é o que faz Álamo Facó em “Mamãe“. Ao reinterpretar a agonia de sua mãe, vítima de um avassalador tumor cerebral, Álamo transforma a relação de forma ficcional em um monólogo no qual apresenta as alegrias, as dificuldades e sobretudo os fortes laços entre o personagem e a mãe. A direção de César Augusto faz do espetáculo um deleite para pensarmos nos nossos édipos.
“Apesar do tema, a peça é ‘coloridaça’, uma peça para cima”, diz Álamo. Não se atendo a uma realidade documental, o texto dá voz à personagem Marta, que, perdendo suas faculdades, começa a expandir sua consciência a limites inesperados. “Eu sou o cérebro dela. Aqui, a dramaturgia é usada como limite. “Mamãe” traz à cena os tabus que permeiam a morte, recriações do consciente e os limites do amor entre mãe e filho.”
Serviço:
www.espetaculosoline.com