Em vez de mais de duas mil pessoas trocando energia (e “otras cositas más”), grupos separados por lounges em volta do palco e coreografia dos hóspedes ao som de Ludmilla, Valesca, Nego do Borel, entre tantos, das varandas dos quartos do hotel Fairmont, em Copa. Assim foi a comemoração de nove anos do Baile da Favorita, nesse sábado (07/11), marcando a volta da produtora Carol Sampaio aos eventos, depois de oito meses de quarentena forçada. Como sabido, o setor foi um dos mais afetados na pandemia.
De março para cá, Carol deixou de fazer cerca de 100 eventos, começando pelo cancelamento da sua tradicional festa de aniversário no Copacabana Palace. O “Fairmont Weekend” foi uma espécie de teste para o réveillon que pretende fazer no Porto do Frade, em Angra dos Reis. Quanto ao “Nosso Camarote”, ela só está esperando a definição de datas para marcar as festas de carnaval, que devem acontecer em junho ou julho.
E como uma festa só era pouco, ela tratou de produzir outra, a “Roda de Som”, neste domingo (08/11), novidade do “cardápio” para a temporada de verão, uma roda de samba comandada pelos músicos Feyjao e Mosquito.
O palco foi montado estrategicamente, no terraço ao lado da piscina, com cobertura transparente para deixar tudo mais nítido para os hóspedes que lotaram o hotel. Todos os 150 quartos (metade da capacidade permitida) estavam ocupados, com cerca de 320 pessoas — pelas duas noites, os valores eram de R$ 2.500 a R$ 4.600 —, e era somente essa a maneira de estar na festa, ou seja, penetras, nem pensar.
Uma das características desse novo formato é a “janela indiscreta”, com os convidados tentando se comunicar das varandas, outros fazendo “batalha de coreô” durante os shows e ainda os curiosos com a cortina fechada do vizinho.
Não era cedo para voltar?
De forma consciente, respeitando os protocolos de verdade, podemos voltar aos poucos; mas aos poucos mesmo! Olha, estou chocada com muita coisa que tenho visto por aí, já que continuamos perdendo muitas vidas. Não estou aqui para julgar, mas eu não consigo fazer isso. E a volta precoce, desrespeitosa dos eventos, prejudica quem quer fazer algo sério, com comprometimento. Por isso, optamos, mesmo com a liberação da Prefeitura, não ter pista de dança – nossa preocupação é com a saúde de todos. O hotel está funcionando com 50% da capacidade, o que não chega a 400 pessoas por noite, e os quartos foram higienizados.
Qual foi sua impressão com a sua primeira festa na pós-pandemia?
É tudo novo. Conseguimos fazer uma coisa organizada respeitando, principalmente, as pessoas. Acho que as empresas têm que seguir esse caminho e não esquecer esse momento que estamos vivendo. Para mim, foi muito emocionante voltar… Engraçado que parecia a minha primeira festa — o frio na barriga era igual e me senti uma debutante.
Suas festas sempre lotam. Como foi possível manter o distanciamento?
Aí é que entra o cuidado do produtor. O seu evento deve ser muito bem pensado, criando estruturas para esse novo formato, e ‘fiscalizar’ para ver se as pessoas vão respeitar. Neste fim de semana, por exemplo, para circular pelas áreas comuns, só de máscara, e no hotel tem álcool em gel para tudo que é lado.
Nesses oito meses, tem ideia de quantas festas deixou de fazer? E quanto deixou de faturar?
Calculando por baixo, deixei de fazer pelo menos 100 eventos; quanto ao que deixei de ganhar, realmente não dá para mensurar, mas não foi pouco. No entanto, não mandei nenhum dos sete funcionários embora. Fico triste porque porque cada evento chega a gerar cerca de até 200 empregos indiretos, pessoas que dependiam disso para viver.
O que pode antecipar do réveillon?
Vai ser no Porto do Frade. Estamos trabalhando, já há alguns meses, vendo a melhor forma de fazer esse evento. É uma fase muito difícil, e a ausência do carnaval será sentida por todos. As pessoas querem se divertir, mas com segurança. Não temos certeza de nada neste momento. As informações estão muito desencontradas, estamos vivendo o dia a dia e, a cada evento, vamos aprendendo e melhorando.
Como você passou a quarentena? Descobriu algo?
Eu me cuidei muito; nos primeiros três meses, nem sequer fui ao supermercado. Sou péssima na cozinha e até comecei a me arriscar no fogão. Aproveitei para fazer aquelas coisas que nunca dá tempo, sabe? Tipo arrancar o siso (dente), congelar óvulos, ler os livros que estavam pendentes e assistir a todas as séries da lista. Ainda aproveitei para mudar de casa, de Ipanema para Ipanema mesmo. Também descansei muito e usei o tempo a meu favor. Estabeleci uma rotina e baixei uns aplicativos de treino para malhar em casa mesmo. Assim que Fernando de Noronha abriu, fui lá recarregar as energias, fazer yoga e correr na areia fofa. Pude cuidar mais de mim, da minha casa e olhar para dentro mesmo, sabe?
Qual a primeira coisa que vai fazer depois de tomar a vacina?
Uma festa, com certeza — de preferência, a minha festa de aniversário. Estou rezando para a vacina chegar até março. Nem lembro como é curtir uma festança; há mais de 10 anos que não dormia antes da meia-noite. E posso falar, antes desse fim de semana: não usei um pingo de maquiagem.
Pretende produzir festa até a velhice?
Olha, vou te falar que pretendo, viu? A intenção hoje é essa – não sei se, neste ritmo insano que eu tinha antes da pandemia, mas, com certeza, expandir para a produção, cerimonial, mas permanecer no mundo do entretenimento até me aposentar.
Por Acyr Méra Júnior e Dani Barbi