Enquanto continuamos focando e valorizando a nossa casa, nestes tempos, o espaço mais seguro, algumas questões sobre o “morar” foram surgindo, entre as quais, como nos relacionamos com a memória e a história desse espaço. Existem dois tipos clássicos de moradores: os que adoram começar do zero e aqueles cuja memória, afetiva ou não, é mais importante que tudo.
Virar a página e optar pelo novo pode ser maravilhoso, mas preservar a história pode ser ainda mais interessante e divertido. Um projeto pode atender a desejos e te satisfazer esteticamente, mesmo num ambiente datado; aliás, esse desafio dá ao projeto muito mais movimento e personalidade. A arquitetura tem nos contado em detalhes a história da civilização. Generosamente podemos modificar um espaço, trazendo o conforto e o bem-estar contemporâneos sem perder o charme que existe na história. Estar pronto para ouvir o que o passado nos diz significa estar preparado para mudar e aproveitar o presente!
Sérgio Zobaran é jornalista especializado em arquitetura, decoração e design, curador em importantes mostras de decoração pelo Brasil (é sócio e fundador da mostra “Modernos Eternos”, em São Paulo), tem muito bom gosto, estuda e valoriza a memória dos espaços e objetos; por isso, perguntamos a ele como as pessoas olham a memória de um espaço atualmente.
“De forma geral, nós, brasileiros, preferimos tudo novo. Na prática, porém, estamos vivendo um tempo em que o aproveitamento do que já temos — ou de peças que tenham um outro passado, no caso do vintage ou das antiguidades – nos traz conforto de todas as formas, até visual, e deixam nossas casas com mais personalidade. Essa memória afetiva do móvel ou objeto de estimação volta a ser valorizada e, assim, podemos nos cercar do novo/antigo que faz o melhor décor contemporâneo em todo o mundo e, por que não, no Brasil também”.