Nestes últimos meses, tenho refletido muito sobre o valor da vida e as oportunidades que todos os dias recebemos de Deus para nos tornarmos melhores. No final de 2019, quando meu marido (João Doria) assumiu o Governo do Estado de São Paulo, decidi diminuir o ritmo de meu trabalho como escultora e transformei minha vida profissional para me dedicar mais intensamente ao trabalho que desenvolvemos no Fundo Social e como primeira-dama do Estado.
Não compreendia o que me impulsionava a tomar essa decisão, pois amo trabalhar com esculturas — a arte faz parte da minha vida. Era a porta que Deus abria para que estivesse entregue ao trabalho humanitário, preparando-me especialmente para este momento tão difícil da história da humanidade. É inegável a preocupação que eu e João sentimos na análise dos gráficos que ele, como Governador de São Paulo, recebe diariamente e que, com auxílio de médicos, cientistas e epidemiologistas, passa a mergulhar nas análises, para tomar decisões que sempre visam a preservar a vida. Somos cristãos. Não tem como ficar insensível a cada vida perdida para esse vírus.
Por outro lado, tenho visto muitos movimentos de retorno à valorização do amor fraterno e da união das famílias. Penso que devemos observar os sinais das transformações interiores que grandes catástrofes estão nos mostrando. É o momento de observar o que está sendo desconstruído e nos leva ao desapego e a uma reforma íntima. Difícil tomar decisões que impactam a vida de muita gente. Somos humanos e também estamos em transição. A política também passa pela mesma coisa. Podemos, neste momento, observar claramente quem está a favor da vida e quem está a favor do capitalismo.
O trabalho técnico-científico devemos deixar nas mãos de quem se preparou para isso, e cabe ao poder público seguir à risca as orientações desses profissionais. É assim que o Governo de São Paulo vem agindo. O ponto central dessa reforma está na alquimia do egoísmo, momento raro que não podemos deixar passar sem nos transformar. Mostrar que podemos ir além, priorizando o coletivo. Momento de nos unirmos até com quem tem ideologias diferentes. Momento de bom-senso. Hora de deixar espaço à intuição e ir além do conhecido, com humildade, para minimizar o impacto desta crise.
Bia Doria é artista plástica, primeira-dama de São Paulo, casada com o governador João Dória há 27 anos, com quem tem três filhos: Johnny, Felipe e Carolina.