Em abril deste ano, o estilista e militante Carlos Tufvesson anunciou sua candidatura a deputado estadual pelo Partido Verde. Há pouco mais de um mês para as eleições, ele retirou a inscrição ao perceber o desencantamento das pessoas com a política nacional. Um dos slogans da campanha do estreante era “O Rio que nós queremos é…”, com propostas como um estado com forte calendário de turismo e eventos, um estado limpo e sustentável e a luta mais recorrente na vida de Carlos – ele comandou a Coordenadoria da Diversidade Sexual, criada no governo de Eduardo Paes – um estado “onde quem não é negro luta contra o racismo, quem não é homem luta contra o machismo, quem não é LGBT luta contra a LGBTfobia e que combata quaisquer formas de opressão”.
Por que desistiu da candidatura? Existiu alguma treta, decepção?
Nenhuma treta. Quando decidi me candidatar, foi para ajudar o Rio e ao futuro governador, neste momento trágico que vivemos, que, a meu ver, passar pela ausência de governança e liderança. Precisamos de pessoas com competência comprovada e que amam nosso Rio como amamos. Mas eu não sou um cara de vivência partidária. O tal fundo eleitoral crido para a campanha só é distribuído pra quem já tem mandato ou é deputado federal. Fiz minha campanha achando que as pessoas equilibrariam essa parte; afinal, tenho um histórico de luta pelo nosso Rio, mas a verdade é que as pessoas estão tão desencantadas com a política que sequer entendem a importância de contribuírem financeiramente com a democracia. E ela tem um custo, mas para melhorar nosso País e estado, temos que ter candidatos independentes, e essa independência nasce na campanha. Na última semana em conversa com o financeiro, vi que teria de me endividar pra continuar a campanha. Não acho justo e seria irresponsável achar que captaria em um mês o que não captei em três.
Nesse meio tempo, você investiu em campanhas. Arrependeu-se?
A cada dia, recebia tantas mensagens de apoio que não tem como me arrepender. Foi lindo e emocionante! Um movimento de amor ao Rio foi criado, e isso não tem volta. Em cada reunião de pessoas que abriram suas casas pra mim, vi a esperança de novo nos olhos e pessoas que viram que é possível acreditar que nosso Rio tem jeito.
Você vê um futuro para o Rio?
Criamos uma campanha de 21 pontos pelo Rio. Um manifesto que guiaria nossas propostas feitas com pensadores e através das opiniões de cidadãos que ouvia em nossas reuniões. Quero levar isso ao próximo governador para que possamos reconstruir o Rio.
Quando você diz que desistiu da candidatura, mas não da luta, o que significa?
Você me conhece e sabe que não desisto de meus ideais. O Rio precisa de nós, ainda mais neste momento tão delicado da nossa historia. Estarei trabalhando pela sua reconstrução, só que não será pelo Legislativo. Em outra frente, mas a luta continua! Merecemos um futuro melhor e poder voltar a viver no Rio!
Entre seus projetos, estava o de representar o setor de moda na Assembleia e criar uma união em favor do Rio. Pretende continuar com o ateliê ou fazer algo a mais na moda?
Continuo atendendo com hora marcada no ateliê e desenhando uma coleção de pret-à-porter para o atacado. No entanto, além disso, quero trabalhar pela economia criativa e pelo turismo, duas vocações naturais do Rio, tão pouco cuidadas, por onde acredito podemos voltar a crescer e gerar empregos – fora a transformação social por essas áreas que estávamos planejando como proposta de mandato. Aguarde!
E vai desistir de vez da política? Como sua família, seu marido (o arquiteto André Piva) reagiram?
Todos estavam muito receosos, pois sabemos como seria difícil, mas me apoiavam – como apoiaram minha retirada da candidatura. É triste, pois muita gente já tinha declarado voto e tenho responsabilidade com essas pessoas. Não é desistência. Minha candidatura tinha como propósito único a luta pelo Rio. Dessa luta jamais desistirei.