“As Rosas não falam” – pode ser que o grande Cartola, com toda a sua licença poética, não esteja de todo certo. Para a paisagista Nicole Tamborindeguy, elas não só falam como também sabem ouvir, e mais: têm poderes curativos. A empresária está comemorando dois anos da My Bloom, marca que fundou alguns anos depois de ter descoberto a paixão por plantas e flores. Largou o jornalismo – ela fazia assessoria de imprensa – e, desde então, é nome certo na agenda de muitos que têm essa prática, de dar e receber flores, e ter um ambiente cercado por natureza. “As flores não representam somente beleza e alegria; elas definitivamente mudam a energia de qualquer ambiente”, diz Nicole.
Tem consumidoras também em família: tanto a mãe, a ex-deputada estadual Alice Tamborindeguy, quanto a tia, Narcisa. Nicole é assídua da Cadeg, o mercadão fervilhante de Benfica, que tem uma variedade infindável de verdes e flores coloridas. “Amo aquele lugar!”, diz ela. No catálogo da empresa, buquês, arranjos tropicais, terrários e sua paixão, orquídeas – em vasos de cerâmica, de vidro, barro ou cachepot de tecido.
As flores falam?
As flores não só falam como também escutam. Além de trazer uma energia maravilhosa que muda totalmente o ambiente, podem até ficar tristes. Me lembro bem da última discussão que tive com meu marido na sala da nossa casa (discussão de briga mesmo), quando algo me chamou muito a atenção. Minhas orquídeas, lindas, geralmente duram uns dois meses. Eu tinha comprado há uma semana e, no dia seguinte, algumas estavam murchas, ou seja, elas também sentem quando, digamos, o ambiente está um pouco carregado.
Acredita no poder das plantas?
Eu sou suspeita porque, quando fui morar sozinha, aos 26 anos, minha maior preocupação com a casa eram as plantas. Incrível como isso surgiu do nada. Vivi boa parte da minha infância na fazenda da minha família, em Roseira, SP, com muito contato com a natureza, mas só me descobri apaixonada por plantas quando fui morar sozinha. Quando perdi minha avó Alice, minha maior perda até hoje, me lembro de ir comprar toda semana flores, muitas flores para a minha casa. Não sabia explicar ao certo, mas a presença delas me deixava mais leve e tranquila. Foi ali que começou o meu projeto com a My Bloom, minha marca de flores e paisagismo.
Conte um fato interessante que aconteceu nesses cinco anos como paisagista e florista.
Há pouco tempo, um cliente entrou em contato para encomendar flores para uma mulher. Obviamente, ele só olhou a foto do meu WhatsApp depois de fazer a encomenda. Quando eu vi que era o ex-namorado de uma amiga, fiquei super sem graça e brinquei com ele: “Oi, Fulano…”. Tinha certeza que ele sabia que a marca era minha. Ele ficou muito sem graça e me pediu que não falasse nada. Como quem não quis foi ela, pude organizar a encomenda com toda a paz de espírito.
Ser de uma família tradicional ajuda na hora de vender seu produto?
Muito. Eu vendo, mas, se não for bom, não terá uma segunda vez. Confesso que, muitas vezes, contribuí para o cliente achar que tenho oportunidades de ter boas referências, e isso ajuda na venda. Mas, na hora das compras, isso atrapalha também. Eu peço muitos descontos e choro mesmo os preços.
Qual melhor trabalho que fez até hoje?
Todo trabalho que eu faço é o melhor, seja pela minha experiência, seja pela da cliente. Trabalhar com a natureza leva algo a mais para as pessoas; não se trata apenas da compra de um objeto. Eu consigo levar sensações para cada um.
Melhor lugar do Rio para comprar flores?
Sem dúvida, a Cadeg. Amo aquele lugar! Às vezes, as pessoas se surpreendem quando eu falo que nunca almocei por lá. Pra mim é claro: onde estou toda semana, de manhã cedo, fazendo compras, certamente não será um lugar que vou querer ir para me divertir. Com vários fornecedores certos, já existe um carinho mútuo. E, claro, tem também os novos. Novos fornecedores, novas plantas, novas flores, novos acabamentos… Sempre tem algo novo para conhecer! Existe alguém no mundo que não goste de ganhar flores? Eu não conheço…