Embora ainda não estejam claras as circunstâncias da morte da atleta carioca Ana Claudia Pires, no sábado (08/04), a facilidade de aplicação do metacril em todo o país é motivo de preocupação para Volney Pitombo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional Rio. Ana Claudia teria se internado para fazer preenchimento nos glúteos, mas o cirurgião, especialista em nariz, diz que tem atendido a muitos pacientes com metacril no nariz e também nos lábios. “Deveria existir uma campanha pública de esclarecimento, igual a que está sendo feita em relação à febre amarela, sobre essa substância, cujo uso é totalmente contra-indicado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Os benefícios que traz são tão poucos, em relação aos seus efeitos colaterais, que deveria ser proibida pela Anvisa”, diz o cirurgião.
Ainda segundo Pitombo, a reação inflamatória produzida pelo metacril pode ser sentida pelo paciente num período de até dez anos. “O fato de ser mais usado do que o ácido hialurônico (restylane) não é nem por questão de preço, os dois têm o mesmo custo. O metracril ou PMMA (polimetilmetacrilato) é composto de microsferas que aderem ao tecido e fazem um preenchimento permanente, ao passo que o ácido hialurônico é absorvido pelo organismo e o efeito é temporário”, explica o cirurgião. “Mas tenho visto casos desastrosos de inflamação, pessoas sem metade do nariz. O impressionante é que são pacientes de um nível intelectual e financeiro alto”, conclui Volney.