Um grupo simboliza união, fraternidade. Apoio. Entrosamento. Mas, às vezes, um grupo encerra ódios, conflitos. O Grupo Tablado de Arruar, fundado em 2001, representa o primeiro. Atores, dramaturgia, direção, absolutamente coesos. Os espetáculos trazidos ao Rio a trilogia Abnegação, tratam da segunda. Um assassinato de um político do interior e seus desdobramentos mostram que a violência, vai além da criminalidade, que é que se pode dizer, cotidiana.
Com texto de Alexandre Dal Farra, que divide a direção com Clayton Mariano, a trilogia apresenta o desenrolar do assassinato, com o primeiro texto abordando as consequências do crime,; o segundo, o crime em si e o terceiro os fatos que envolvem as pessoas que de certa forma estão indiretamente ligadas aos fatos. O grupo de atores têm a interpretação que o texto exige: força, dramaticidade, sangue.
“Na história do Brasil nunca resolvemos os assuntos pendentes: empurramos com a barriga e já partimos para a próxima, sem resolver o que veio antes”, diz o diretor Clayton Mariano. O espetáculo apresentam , assim, a trajetória de um grupo que toma o poder, ainda que de forma legítima.
A crítica ao desvio dos propósitos, de como se parte o sonho e a realidade e de como o poder, o domínio encantam e mudam as pessoas. A evolução da violência é apresentada com a perda da ética, primeiramente, até o pior da tortura e da agressão física. E vemos que nem o grupo nos salva das ameaças externas. E que a procura da saída é sempre uma decisão individual.
Serviço:
Sesc Copacabana
Quintas a Sábados às 21h,
Domingo às 20h.