Paula Klien, que ficou conhecida como fotógrafa de moda e de artistas, há algum tempo deu uma reviravolta na sua carreira, voltando-se para as artes plásticas. Mas esta é a primeira vez em que a carioca de Ipanema, personagem querida no Rio, vai estrear uma individual de pintura no exterior.
A mostra vai ser aberta dia 17 de fevereiro na aquabitArt gallery, na Auguststrasse, referência do circuito de artes de Berlim, na Alemanha. Paula está tão dedicada quanto animada – descobriu, ainda, uma grande simpatia pelos alemães, em algumas estadas naquele país.
Klien explica um pouco como será a exposição com dez grandes pinturas sobre papel utilizando nanquim, uma tela de grande dimensão, dois backlights e uma obra tridimensional feita de espuma com pintura também em nanquim.
O que te levou às artes plásticas, depois de tantos anos dedicados à fotografia?
“Na verdade, fui trazida de volta à primeira das minhas manifestações artísticas visuais, após ter me dedicado a tantas outras como foi, por último, a fotografia. O que sempre me leva de um lugar a outro é um inquieto coração pulsante e a fluidez da alma que se deixa carregar com fé”.
Qual é o significado de “Invisibilities” (Invisibilidades) – o nome da exposição?
“São revelações que nem sempre podemos enxergar, mas que podemos sentir e acreditar”.
Como você definiria seu trabalho?
“Um abstracionismo lírico conceitualizado na intenção e no acaso, na energia e no destino. Um trabalho que estabelece uma relação com os elementos que permeiam o tempo e sua inconstância, refletindo a falta de controle sobre os acontecimentos e anunciando a necessidade do improviso diante dos imprevistos. Mostra a possibilidade de escolha diante das opções, incorporando o jogo, a aposta e a surpresa nos resultados. Um trabalho impregnado de fé”.
Na sua individual em Berlim você apresentará obras criadas a partir da utilização do nanquim. Por que escolheu o nanquim?
“O nanquim foi eleito para representar vagas manchas imprecisas e tudo que escorre sem que possamos agarrar, em um mundo fugaz, sem formas definidas. É um material que interage, propõe, aceita contrapropostas, dá segundas chances e mostra caminhos. Fluido e, às vezes, incontrolável, representa a vida como ela é”.
Como se deu a construção da identidade estética da sua obra em apenas alguns meses de trabalho?
“Estabeleci a obrigatoriedade da impressão de algumas características que fortemente me representam no corpo da obra. Homogeneidade, elegância, crueza, imprevisibilidade, juventude e fluidez, finalmente apareceram unificadas depois de uma imersão absoluta no universo plástico”.
Por que Berlim e como se deu esse convite da galeria alemã?
“Por ser a estética alemã a que mais se adequa aos meus padrões visuais, escolhi Berlim para uma residência artística em 2015. Foi lá onde tudo começou e contatos foram estabelecidos. Depois do trabalho realizado durante o ano passado, o convite foi feito”.
Próximos passos?
“Amar e ser feliz. Quanto ao resto, deixo a vida me levar… rs”.