O jornalista, empresário e ex-ginasta Bruno Chateaubriand não faz ativismo político da causa gay. Com sua postura e estilo de vida, ele, com certeza, faz mais pelos homossexuais do que muito discurso contra o preconceito e intolerância sexual. Bruno é o que mostra ser na mídia: festeiro, dono de uma ótima gargalhada, e pronto para aconselhar e ajudar. O site quis saber sua opinião sobre a situação atual dos gays no Rio e no país – esta semana, comemorou-se, na terça-feira (28/06), o Dia Internacional do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex).
Bruno, esta semana foi comemorado o Dia Internacional do Orgulho Gay. Dá algum orgulho em ser gay no Brasil?
“Tenho orgulho por ser verdadeiro comigo e com os meus sentimentos. Acharia muito estranho não ter respeitado minha orientação sexual e estar vivendo uma vida sem verdade. Quanto ao Brasil, não sinto nenhum tipo de alegria ao constatar diariamente – pela imprensa – que muitos jovens são mortos por crime de homofobia. Pior do que isso é observar que tem gente que ainda tapa o sol com a peneira. Como pode uma pessoa que tenha um pingo de amor no coração achar que esse tipo de crime não existe? Esse tipo de crime é incentivado, sim, pelo ódio e pela falta de tolerância com as diferentes orientações sexuais”.
Como foi assumir a sexualidade para sua família?
“Não foi fácil. Acho que esse momento em que não seguimos os padrões idealizados pela maioria da sociedade é muito duro para quem não pertence a esse padrão. Com o tempo passei a ser mais respeitado. Estou com o meu amor, André, e somos uma família”.
Você e o André Ramos estão casados há muitos anos, são pessoas que aparecem na tevê, conhecidos de um público mais amplo. Apesar disso, já sofreram preconceito declarado em relação ao relacionamento de vocês?
“São 18 anos de relacionamento. Às vezes penso: Nossa! E aquele casal hétero, casou ano passado e já separou? E eu que fui tão recriminado, estou aqui faz 18 anos com a mesma pessoa. A resposta do AMOR é sempre a melhor para a sociedade num todo”.
Soube que você recebe muitos pedidos de orientação por parte de jovens gays que não são bem aceitos em casa. O que diz, basicamente, a eles? Já ofereceu alguma ajuda material?
“Lu, tenho o maior prazer em ajudar. Escuto histórias, angústias ligadas ao problema da não aceitação por parte da família ou da própria pessoa. Respeito muito as diferentes formações, respeito o tempo de cada um. Entendo as dificuldades por ter passado por elas. Como falar para a família? Até hoje tem pai e mãe que se desespera ao saber que o filho é homossexual. Como assim, muita gente descolada diria? Mas os pais, no geral, projetam nos filhos uma série de ideais. Acho, no entanto, que não existe preço para ser feliz e de bem com a vida. Viver em paz com a nossa verdade é como viver em um paraíso todos os dias”.
Qual foi o episódio de preconceito mais desagradável pelo qual passou?
“Nossa sociedade é extremamente preconceituosa. Não sabemos respeitar diferenças. Não falo apenas sobre a sexualidade. Falo em questões relacionadas à fé, à religião. Existe algo pior do que não respeitar quem é ateu, por exemplo? Ou a falta de respeito e, claro, o preconceito em função de pessoas que vivem em situações financeiras diferentes? Respeito o indivíduo…Falando dos piores episódios de preconceito, sem dúvida, todos foram na minha infância. Não sabia o que era. Só sabia que era diferente. Isso me fez sofrer muito na escola. Foram muitas agressões físicas e verbais. Imagina só: criança que não sabe se defender, sofre! E eu fui esse tipo de criança”.
Em contrapartida, você tem uma infinidade de amigos verdadeiros, heteros e homos. Acha que as festas que você dá ajudam a compor uma imagem positiva do que é ser gay no Rio?
“Acho que eu e o meu André somos felizes. Vivemos juntos, usamos aliança na mão esquerda faz 18 anos. Isso, sim, me enche de orgulho”.