Um cenário de escola, um professor paciente. Alunos querendo aprender. Um mergulho no mundo do “era uma vez” com nobres, batalhas, intrigas, princesas, traições. Tragédia forte com final de vitória aos bons. Esse é o universo de Shakespeare. Esse mundo fascinante, que Gustavo Gasparani, numa atuação exemplar, traz em Ricardo III, interpretando os principais papéis, brincando com sotaques, gestos, mas fazendo ao mesmo tempo, uma leitura magistral do maior vilão do autor inglês.
Monstruoso, mas teatralmente elétrico, Ricardo é o mais carismático, auto-declarado vilão de Shakespeare, revelando a cada momento seu caráter homicida, sua jornada hipócrita ao poder absoluto. Mente, intriga, mata, recupera. Essa diversidade nos é apresentada por Gustavo Gasparani em roupas atuais e simples, num ambiente escolar, em que consegue criar um sentimento de cumplicidade aberta entre ator e espectadores, como se imaginava que já existia há cinco séculos.
“A proposta de um único ator encenando uma história épica nos remete à infância, estágio poderoso onde nossa imaginação não conhece limites e nos permite criar todo um universo a partir da utilização dos objetos mais cotidianos. Assim, construímos castelos, tronos e coroas usando apenas o espaço de um terreno baldio ou de um quarto vazio. Um único ator, ora conta a história e ora interpreta os personagens. Ele se transforma em rei, rainha, servo, carrasco e príncipe, num piscar de olhos. O ator indica o caminho e o público aceita a brincadeira “, diz o diretor Sergio Módena sobre a concepção do espetáculo.
O teatro é uma grande ilusão. Essa realidade ou irrealidade é que nos faz acreditar em Gustavo e na sua visão do vilão. Seu Ricardo III é o mal sem limites e,m desenvolvido de tal forma, que embarcamos em sua proposta de ver castelos, batalhas, homens, mulheres, jovens e velhos. E acreditamos na força que ele nos traz. E saímos achando que Odete Roitman e Nazaré são totalmente boa gente.
Serviço
Teatro Poeirinha
Sextas e sábados às 21h
Domingos às 19hs