Não vamos falar em números — idade é só um número, e eu odeio números. No auge da minha adolescência, época de faculdade (sim, entrei cedo pra faculdade), no campus da Cândido Mendes, que eram a Padaria de Ipanema e a Chaika, eu era uma das milhões de fãs da Madonna. Em todos os momentos da minha vida, ela estava presente; geralmente, na fita K7 do carro ou no quarto de portas fechadas. Sempre cantando alto e sonhando; afinal, é isso que fazem os adolescentes. Nas festas para dançar, Holliday, Into the Groove, Where’s the Party; nos términos para chorar, Im crazy for you, Live to Tell, fazendo coreografias com as mãos; Vogue, para momentos de questionamento pessoal; Who’s that girl, na dúvida de ser quem eu queria ser; em plena crise existencial, Express Yourself; para namorar, absolutamente todas! O ano era 2012. Juntamos os amigos de faculdade, alugamos um ônibus e fomos ao Maracanã: momento único e inesquecível. Sinto saudades dessa Madonna — me parecia mais acessível do que a de hoje em dia. Prefiro ficar com a lembrança do show que abalou a minha estrutura e deixar para os outros essa experiência nas areias do Rio. Tenho certeza de que Madonna jamais irá decepcionar ninguém. Será um show inesquecível.
Das novas músicas, eu não conheço nenhuma; é como se a vida tivesse dado um pulo de 30 anos.
Esta semana, foi impossível para mim dirigir sem colocar a minha Madonna no carro. Pensar nas festas, pegações, fossas… Fui tomada por uma sensação de satisfação, de felicidade, de tempo que passou: da mochila da Company à roupa da Yes Brasil que não mais existiam. Não era mais a fita K7; era o spotify me provando, mais uma vez, que tudo mudou, mas que recordar é viver. Quase 20 anos depois, consegui ver Madonna de outro ângulo, quando, em 2016, ela foi passar réveillon em Verbier (Suíça). Eu a encontrei almoçando com toda a família, em um restaurante nas montanhas. Lá estava a mãe, mulher, ser humano, como todos nós. Pelo menos, fiz uma coisa igual a ela: descemos a mesma pista ao mesmo tempo. Pode parecer bobo, mas para uma fã, isso é muito.
Carla Benchimol, formada em Administração de Empresas, é suíço-ítalo-brasileiro-carioca.