Costumo falar que só chegamos a lugares especiais na vida porque falhamos muitas vezes, muitas portas se fecharam, muitas decepções, desilusões e afastamentos surgiram no caminho.
Existe um ditado dos samurais que diz: “Cair 7 vezes, levantar 8.” Caímos muitas vezes; nessas quedas, nos desconstruímos e morremos. Parte de nós morre, e isso é muito bom.
Podemos renascer e olhar para trás e ver alguém que mudou. Nessas mortes, o velho morre, nossas ilusões morrem, morre nossa vaidade, nossa rigidez, nossa vontade de controlar tudo, nosso egoísmo, nossa superficialidade…
Estamos nesse plano para aprender, viemos aqui para expandir nossas mentes e corações. A morte que devemos temer é a morte da alma; o espírito que morre pode ter o mundo e não ter nada. Corpo e mente sem espírito são como uma casa vazia — a casa pode ser linda, mas o que é uma casa vazia? Uma casa vazia é um túmulo. Por isso, quando morremos e deixamos para trás tudo que nos afasta de nós mesmos, estamos mais perto da vida. A vida que preenche e aproxima nos invade, e tudo passa a ter significado e sentido.
Tudo que temos e guardamos mantém um laço energético conosco. Quando nos desfazemos de algo que não mais nos é útil, nos sentimos mais leves. É como viajar com pouco peso, com pouca bagagem. Podemos andar leves e balançar os braços, apreciar a paisagem, pois estamos passeando.
Desejo que todos possam ter a visão de tudo aquilo que não mais é necessário. Ter a coragem de se desfazer dos antigos padrões e de tudo aquilo que não mais lhes faz bem. E que um futuro radiante se abra, cheio de possibilidades de expansão e realização da verdadeira felicidade.
O grande paradoxo da vida é a preparação para a morte. A meditação na certeza do fim nos faz encontrar apoio naquilo que realmente importa.
Feche os olhos e medite. Sinta tudo aquilo que você precisa deixar morrer e renasça! Mil vezes! Neste momento de renascimento que a Páscoa nos inspira, use o seu poder de deixar todo o seu passado pra trás e abra o seu caminho para o novo.
Mahavir Thury é professor de Yoga há mais de 20 anos. Faz palestras, retiros e treinamentos com a mesma serenidade no olhar, no olhar, no andar, no falar.