O luxo do detalhe. A palavra luxo vem do latim lux, que significa luz, brilho.
O luxo costuma ser definido como tudo que não é necessário, mas que constitui um desejo. Quando as necessidades básicas, como alimentação, moradia e liberdade são conquistadas, o luxo surge como algo a ser alcançado.
Muito associado à elegância, é o ponto de interseção entre o concreto, o conceitual e o intuitivo. Para alguns, o luxo é tudo que não é indispensável, portanto, supérfluo; para outros, o supérfluo é aquela “coisa tão necessária”, como disse Voltaire.
A sensação do luxo é particular, mas parece que todos concordam que traz uma emoção quando o vivenciamos. Em casa, o luxo pode estar no grandioso ou no mínimo, pois está na essência, na aparência.
Pode também estar associado a grandes investimentos ou a nenhum. Pode existir através de uma brisa fresca única vinda de uma abertura (janela), uma vista incrível, uma luz natural ou um quadro valioso.
Luxo evoca emoções, cria identidade, humaniza e personaliza nosso espaço; por ser um conceito intuitivo, ele pode estar nos detalhes. Infelizmente, não é todo dia que valorizamos detalhes — sem eles, a casa perde a atmosfera que a torna acolhedora.
Dependemos muito mais dos detalhes do que imaginamos, como, por exemplo, flores, a arrumação de uma estante que valorize os objetos, a colocação certa das almofadas nos convidando a sentar no sofá ou poltrona…
Dependemos dessa sutileza muito mais do que imaginamos, porque os toques fazem toda a diferença, como a colocação de quadros. Luxo mesmo é viver sem ostentar, convivendo com esse prazer de forma íntima, pessoal e intransferível.
Perguntamos ao arquiteto Aldi Flosi, especializado em design de produtos, curadoria de objetos, consultoria e finalização de projetos, sobre a definição de luxo. “Nos últimos anos, o conceito de produção e finalização de projetos e ou ambientes tem feito cada vez mais sentido para mim, tem me conectado com pessoas e profissionais interessantes e me feito cada vez mais feliz por poder contribuir com o bem-estar dessas pessoas, dessas casas e decorações. Fazer produção, ao contrário do que alguns pensam, não é só colocar flor no vaso: na maioria das vezes, é complexo, corrido e braçal, mas, no final, é sempre recompensador. A organização das peças, as soluções propostas para as coleções, a escolha das flores, dos objetos, obras de arte e dos elementos que farão parte desta história é que dão o ponto final e a clareza sobre a importância desse trabalho/serviço para a conclusão de um projeto, para a satisfação dos clientes”.
E continua: “Florir a casa, borrifar um perfume mais fresco, sugerir uma composição de quadros, valorizar uma peça com memória ou mesmo uma que acabou de ser conquistada, trocar as almofadas ou mesmo usar os elementos existentes de maneira diferente, tudo isso faz parte dessa poesia e dessa arte, que é construir momentos, memórias e humanizar espaços dentro da produção. Eu sempre trago uma carga afetiva enorme para o meu trabalho de produção, referências das minhas vivências e das minhas casas, da maneira como minha mãe e minhas avós arrumavam rigorosamente as gavetas, as prateleiras e, de certa maneira, a nossa vida dentro daquelas singelas casinhas em que morávamos. A decoração tem que ter a identidade de quem vive naquele endereço — a personalidade da pessoa precisa estar registrada no espaço de alguma forma. Costumo dizer também que, ao receber amigos em casa, o importante não é impressioná-los e despertar o desejo de consumo daquela peça na estante, e sim gerar identificação para deixá-los ainda mais à vontade no seu ambiente particular. No entanto, isso não é possível indo a uma loja, escolhendo a vitrine toda e replicando o cenário em casa. Essa atmosfera íntima não é vendida: é preciso viajar, garimpar, ganhar presentes de gente que te conhece, pesquisar, agregar folhas, galhos e livros. Tudo isso humaniza os espaços”.