Natal, para muitos, não passa de uma festa comercial. Alguns nem sabem que é comemorado o nascimento de Jesus Cristo; poucas famílias mantêm o espírito que a ocasião pede. Um dos mais tradicionais — com missa, Papai Noel, decoração a rigor, ceia, músicas natalinas, espírito verdadeiro da famosa comemoração — é o da família Monteiro de Carvalho, em Santa Teresa. Muitos acharam que, com a morte de Evinha (setembro de 2018), a matriarca, a festa acabaria. De jeito nenhum! As filhas Ana Maria e Lilibeth (a entrevistada de hoje, empresária, presidente do Grupo Monteiro Aranha) já estavam à frente mesmo antes disso, sem perder o espírito.
O Natal da família Monteiro de Carvalho é chamado de “o mais tradicional do Rio”. O que não pode faltar?
O que não poderia faltar, falta, são as pessoas que amamos e vamos perdendo. Toda família tem o seu Natal; não acho que seja o mais tradicional. Você acha? É apenas uma reunião da família. E a minha é grande. (Em 2023, são 91 pessoas da Família MC, da 3å, 4å e 5å gerações).
Para a maioria, o Natal é uma data comercial. Ninguém pensa no espírito verdadeiro da festa. Cadê esse espírito natalino?
Acho que a maioria só pensa nos presentes. Esta semana, vendo uma fila num shopping pra falar com Papai Noel, pensei: o mundo está mesmo ficando diferente. Tenho o mesmo carinho, o mesmo amor, a mesma dedicação ao Natal desde criança – minha avó Beatriz passou para a minha mãe, que passou pra mim. Hoje, Adriano, Vera e Anália, que moram na casa de meus pais (Santa Teresa), fazem tudo. Quanto ao espírito natalino, não sei onde foi parar; o meu continua no mesmo lugar. Natal, pra mim, é e sempre será um momento de união. Sou de família grande e entramos realmente nesse clima. Pra nós, é uma comemoração importante.
Quais são as memórias de Natais inesquecíveis pra você? E por que foi tão especial?
Todos os Natais são inesquecíveis por estar com as pessoas que mais amo.
Acredito que só uma vez na história da família não teve Natal, que foi no ano de 2020, na pandemia. Como foi pra você?
Senti a mesma falta que o mundo sentiu, longe das pessoas queridas, mas não fui só eu: eu e o mundo todo.
Existe alguma mudança todos os anos, e o que não muda nunca?
A mudança são as crianças nascendo; o amor e a alegria não mudam nunca. Claro que é muito sentida a ausência das perdas, principalmente nesta época. Mas acho que estão sempre com a gente, no nosso coração.
Qual a verdadeira magia do Natal?
Tenho medo que o Papai Noel não ‘exista’ e que a ingenuidade, vinculada à sua figura, desapareça da nossa vida. A ceia é com todos e com cada um. Acho que cada família tem o seu jeito de pensar e ver o Natal. O que gosto são os encontros — é quando consigo estar com a maior parte da minha família.
Qual o seu pedido para o Papai Noel?
Pediria que as pessoas consigam se escutar, em todas as áreas. Pediria paz neste mundo tão conturbado.