A vida de Fanny Price, maior comediante da primeira metade do século XX, inspirou o musical “Funny Price”, de 1965. Apesar do jogo de palavras no título, Fanny e Funny se pronunciam de forma muito semelhante. O libreto conta as dificuldades de uma jovem, da vizinhança judaica do Brooklin, em todos os aspectos da sua vida: como lutou pela carreira e se posicionou como atriz comediante, o casamento difícil e apaixonado com o jogador Nicky Arnstein.
A versão brasileira é bastante original, com produção esmerada, assinada por Bianca Tadini e Luciano Andrey , dirigida por Gustavo Barchilon, estrelada por Giulia Nadruz e Eriberto Leão. A capacidade de incorporar um elenco capaz de dançar, cantar, interpretar, com ótimos números de sapateado, o estilo que marca o gênero, Funny Girl é, ao mesmo tempo, alegre e triste, reflexivo e emocionante.
A marcante trilha sonora original, composta por Julie Styne, letras de Bob Merrill e texto de Isobel Lennart, ganha contornos contemporâneos pelas mãos de de Bianca Tadini e Luciano Andrey. Gustavo, no seu trabalho de atualização, sem se tornar um libelo feminino, mostra que as questões da mulher que vêm desde sempre, transforma um musical consagrado com a mesma força de 60 anos atrás.
Par principal, Giulia e Eriberto combinam a exuberância dela, com uma voz impecável e corajosa, uma vez que esse papel foi o que lançou Barbra Streisand, com Eriberto fazendo, com eficiência, a duplicidade do homem apaixonado e, ao mesmo tempo, fracassado e dependente da mulher. Vania Canto também substitui Giulia com extrema competência.
Em todo o tempo, o espetáculo mantém a régua alta. Os figurinos, os cenários, a luz, o coro e a participação de Stella Miranda como a mãe judia são capazes de trazer à vida uma história de um tempo de mudanças em um ambiente que não fica datado. A equipe técnica é de alta competência, pois todos os elementos estão em uma unidade. Funny Girl continua a ser um espetáculo de superação — da história de Fanny Brice, da equipe brasileira em fazer um musical de altíssimo nível.
Serviço:
Teatro Casa Grande, Leblon (Av. Afrânio de Melo Franco, 290).
Até domingo (19/11), com sessão sexta, às 20h30; sábado, às 17h e 20h30, e domingo, às 15h.