Uma forma bastante eficiente em teatro é a comédia trazer situações do cotidiano. O efeito catártico é imediato, e a gargalhada rola fácil. E quando se misturam amor, situações picantes, episódios inusitados e muita, muita trapalhadas, é sucesso na certa. A comédia teatral “Neura”, de Rita Fischer, consegue criar uma relação imediata com a plateia. Tudo flui , sem economia, sem exageros, no ponto correto para que haja uma história, com começo, meio e fim, que, ao mesmo tempo, emociona ao final.
O texto de Rita Fischer mostra a sua capacidade de criar diálogos envolventes, rápidos, simples e direto ao ponto. A peça se inicia já mostrando o “final feliz” do casal; a partir daí, a jornada é composta de vários episódios daqueles que dão errado, pelo óbvio. E tal forma que Rita consegue compor um painel das coisas mais comuns até as mais raras – todas com o mesmo impacto, mesma lógica, o que não permite que a peteca caia.
Rita Fisher faz o papel feminino da dona de casa Matilde, e Vital Neto desempenha o bonachão Carlos Alberto, um funcionário público, que, apaixonado pelo mesmo, tem que, sem paciência, fazer todas as vontades da mulher. Vital é um ator muito eficiente porque, com a ótima dicção, não se perde um ai. Sua atuação é repleta de alegria, transmitida o tempo todo. Dança, remexe, anda, faz os gestos de cansaço, tudo com uma agilidade que muda de um polo ao outro com total talento.
Rita tem uma expressão corporal única. Impressionante. O corpo que anda, levanta, faz exercícios, balança o cabelo que vira uma juba, pois é uma leoa em cena. E canta pequenos trechos com afinação e uma linda voz. E de forma integrada, os elementos cênicos comparecem com vigor. O cenário de Nello Marrese e o figurino de Alice Demier são complementados pela excelente e criativa iluminação de Diego Diener. “Neura” é um vigoroso espetáculo para se rir muito, ao nos reencontrarmos com o que se vê no palco.
Serviço:
Até 30 de setembro, no Teatro Cândido Mendes (Rua Joana Angélica 63, Ipanema)
Sextas e sábados às 22h