Jérôme Dardillac é francês, sabemos e, de tão apaixonado pelo Brasil, nem pensa em voltar a falar um “parle vous”. Nascido em Angoulême, no sudoeste da França, em tradicional família restauranteur, seguiu a linhagem e se formou pela École de Chasseneuil, fazendo o circuitão em endereços da culinária francesa no mundo, como Méribel, Megève, Cannes, Ile d’Oleron, no Sofitel La Reserva Cardales, na Argentina, além de passagens pela Grécia, Irlanda, Estados Unidos e Haiti, e assim vai…
Há 30 anos por aqui… Sotaque? Só por charme. Já passou por Itaparica e pela Costa do Sauípe, na Bahia, por Araxá, Minas Gerais, por Manaus, no Amazonas, mas é no Rio que suas panelas fervem.
Atualmente é chef executivo do hotel Fairmont, a primeira unidade da bandeira da rede Accor na América do Sul, inaugurado em agosto de 2019. Quatro anos depois, o restaurante Marine, com vista para a praia de Copacabana, é unanimidade. Jérôme também acaba de se tornar responsável pelos conceitos gastronômicos do Santa Teresa MGallery e do futuro Sofitel de Ipanema.
Sua característica principal é criar receitas que mostram a paixão pela gastronomia brasileira, só com produtos locais e fornecedores artesanais e, por óbvio, brasileiros: “Apresentar aos clientes cariocas e aos visitantes de todo o mundo o que temos de melhor é uma missão”, diz.
UMA LOUCURA: Tenho loucura por praia, mar e pelo beach tennis — treino de 2 a 3 vezes por semana, às 7h da manhã. E, na minha folga, jogo o dia inteiro, até me acabar, unindo meus três hobbies!
UMA ROUBADA: Quando trabalhava em Manaus, em 2005, fizemos um passeio num barco pequeno, com a minha mulher (Gina), meus filhos (Maria Clara e Olivier) e um casal de amigos no rio Negro. Passeamos nos igarapés e, como eles são pouco profundos e correm pelo interior das matas, o barco encostou várias vezes no fundo; na volta, o barco estava literalmente furado. Tive uma experiência assustadora, pois a água entrava no barco, e o rio estava com ondas grandes. Ainda bem que no barco tinham vários baldes para retirar a água; tivemos um final feliz e conseguimos chegar ao destino vivos, porém encharcados.
UMA IDEIA FIXA: Viver no Saco do Mamanguá (Paraty, RJ), comprar um barco, fazer passeios gastronômicos, cozinhar, me divertir e ser feliz.
UM PORRE: São vários (kkkk), mas vou falar do meu último. Foi no baile da Narcisa “Ai, que loucura!”, em fevereiro de 2023, aqui, no Fairmont. Estava fantasiado de Falcão; fui com a turma de amigos do beach tennis e “inimigos” do fim. Estava uma noite maravilhosa, muito alegre, porém o único problema é que eu não costumo beber destilados, mas inventei de beber whisky. Você já imagina o resultado… Ainda bem que moro do lado do hotel e saí à francesa.
UMA FRUSTRAÇÃO: Em 1990, recebi a proposta para trabalhar como ajudante de cozinha no restaurante Jules Verne, em Paris, no segundo andar na Torre Eiffel (um dos mais emblemáticos da cidade), porém o salário mal daria para pagar as contas em Paris. Como não tinha família lá, tive que declinar.
UM APAGÃO: Graças a Deus, nunca tive um apagão!
UMA SÍNDROME: Tenho mania de limpeza, herdada da minha mãe. Não consigo dormir sabendo que tem louça suja na pia.
UM MEDO: De não poder viajar mais.
UM DEFEITO: Com certeza, tenho vários, mas o meu mau humor matinal é terrível, principalmente para os outros (kkkkk).
UM DESPRAZER: Não me convide pra conviver com pessoas arrogantes — não dá pra mim.
UM INSUCESSO: Minha mulher sempre me diz “gostaria que baixasse o santo do seu pai”, porque ele sabia consertar todas as coisas da casa e não fazia gambiarra. Já eu não tenho o mínimo talento pra pequenos consertos e bricolagem.
UM IMPULSO: Comer sozinho os patês de caças (javali, faisão, perdiz) que a minha mãe prepara. Não sou egoísta, mas o meu impulso de guardar essa preciosidade só pra mim é maior que a minha generosidade (rsrsrs). Falando sério, esses patês me trazem uma memória afetiva muito vívida e querida.
UMA PARANOIA: Essa paranoia herdei do meu pai: não deixo NUNCA o pão virado de cabeça para baixo — ele dizia que o diabo entraria na casa.