Fechando os 100 anos do Copacabana Palace, o mais representativo de todos os hotéis do Brasil, segue aqui entrevista pingue-pongue com a atriz Guilhermina Guinle, neta do fundador, Octávio Guinle, morto em 1968, mas inesquecível não só para o Rio como também para qualquer brasileiro, a cada momento que se fala no Copa, um símbolo para os cariocas.
Guilhermina, atriz reconhecida, tem muitos trabalhos no currículo, a maioria na Globo, onde é vista desde 2003. Seus últimos trabalhos foram m 2020, fez “Salve-se quem puder”, e em 2021, “Verdades Secretas”; depois, foi para Nova York, com a família: a filha, Minna, e o marido, o advogado Leonardo Antonelli, onde morou por um ano. “Em NYC fiz um curso de teatro que durou um ano. Depois de quase 30 anos de trabalho, voltei para uma vida de estudante, acho que a gente tem sempre alguma coisa pra aprender em todos os sentidos: no profissional, no pessoal, no espiritual.”
Ao contrário de alguns, que confundem afetação com superioridade, Guilhermina é discreta, serena, delicada e com muito senso de humor. Sobre o aniversário do hotel, publicou: “Octávio Guinle, meu avô, queria tanto ter te conhecido…. Meu pai e minha mãe contam histórias incríveis a seu respeito. Minha mãe sempre dizia que você era um craque, tinha um bom gosto incrível, era um perfeccionista e genial”. Minha mãe contava que ele passeava por todos os cômodos, passando o dedo para ver se tinha algum sinal de poeira, se as flores estavam bem arrumadas nos vasos, se tinha água suficiente para elas. Passava pela cozinha para ver a arrumação dos pratos e se os talheres de prata estavam brilhando…. Passava pela lavanderia para ver se estavam dobrando os lençóis e toalhas da maneira correta….Tinha 480 funcionários e sabia o nome de todos — prestava atenção em todos os detalhes.”
Leia sua entrevista:
UMA LOUCURA:
Todas as loucuras que já fiz por amor valeram a pena! Por uma grande paixão ou um grande amor, verdadeiro, vale tudo, ou quase tudo.
UMA ROUBADA:
Ishhh! Todos nós já passamos por vários “perrengues chiques“. O problema da roubada é que ela aparece assim, meio que de repente; quando a gente vê, não dá mais tempo de sair. Daí, a solução é respirar e tentar atravessar da melhor maneira possível.
UMA IDEIA FIXA: Minha filha! A grande paixão da minha vida! É quase como se nada mais tivesse importância. Ideia fixa nela, em estar presente, em dar uma boa educação, amor, muito carinho e tentar fazer meu melhor para criar um ser humano bacana para este mundo! Tento ser a melhor mãe que posso!
UM PORRE:
Não bebo álcool. Não por algum tipo de filosofia ou crença, mas porque não gosto do gosto do álcool mesmo; por isso não poderia falar de tantos porres. Talvez deva tomar alguns! Quem sabe, rsrs. Mas porre de gente chata conheço um monte.
UMA FRUSTRAÇÃO:
Ser mais disciplinada na vida; falta esse componente na minha personalidade. Acho que me levaria a certos lugares bem interessantes. Sigo tentando trabalhar mais essa característica em mim, diariamente.
UM APAGÃO:
Quem me conhece mesmo sabe. Esqueço tudo: nomes, pessoas, lugares, situações vividas….
Apagão quase todos os dias! Minhas amigas é que me lembram de certas situações: “Guilhermina, como você está falando com essa pessoa? Esqueceu o que ela fez com você?” E eu: “Claro que esqueci. Não tenho a menor ideia do que você está falando”. Elas me lembram e ok. Pra mim já passou de verdade! E assim sigo. Prefiro dessa maneira, viver olhando pra frente, sem mágoas, sem rancor, sem lembranças ruins de nada.
UMA SÍNDROME: Talvez síndrome da arrumação. Arrumo tudo, coloco tudo no lugar, limpo tudo. Um certo TOC, quem sabe? Mas diria que saudável na medida em que não atrapalhe a minha vida. Pelo contrário, tudo meu é muito organizado, no lugar, fácil de encontrar, tudo muito limpo. Álcool 70 na veia!
UM MEDO:
Medo de perder as pessoas que amo de maneira repentina e inesperada, aquela cena de filme. O telefone toca, alguém do outro lado da linha tem uma notícia terrível para dar: “Não sei como te dizer isso, mas…..”. Espero não receber esse telefonema nesta encarnação.
UM DEFEITO:
Dos sete pecados capitais, a preguiça!
Ah, meu Deus! Como sou preguiçosa! No fundo, adoro uma preguiça. Mas sei os momentos exatos em que ela não é boa pra mim. Tento vencê-la constantemente!
UM DESPRAZER:
Desprazer é gente mal educada – parece que cada vez tem mais no mundo. Não se trata de dinheiro, status, família, religião, de onde você vem etc., e sim de educação em relação ao próximo, nos pequenos gestos do dia a dia, nas gentilezas, nas palavras ditas, no tom de voz. Independentemente dos nossos problemas, não podemos tratar ninguém mal. Por quê?
UM INSUCESSO:
Os livros que estão empilhados na minha mesa de cabeceira, e não consigo terminar. São tantos livros bons, tanta vontade de ler mais na vida. Mas estes novos tempos – de correria, conexão e tecnologia -, infelizmente, nos afastam da leitura. É uma pena porque ler um bom livro é uma das melhores coisas da vida.
UM IMPULSO:
Comida. Quase sempre como por impulso; depois me arrependo. Não sinto fome, posso fazer jejum intermitente por dias, mas, quando vejo comida, me atraco. Rsrs. O impulso é maior que o controle mental. A gente sabe tudo que pode e deve comer… no horário certo, a comida certa… É só se controlar.
UMA PARANOIA:
Um certo medo da Internet e das redes sociais – a constante briga do lado bom/ruim que elas têm. A delícia de navegar horas nos temas que você gosta, como arquitetura, iluminação, alimentação, artes, biografias, e tantos assuntos interessantes disponíveis em leitura, vídeos etc. Contra o vício e a paranoia do tempo perdido nas redes sociais, olhando a vida de pessoas que não vão agregar/ mudar em nada a nossa vida. Pra quê?