Pinguço. Bêbado. Zuzubem. Mamado. Esponja. Cachaceiro. Chato. Inconveniente. Sem noção.
Essas palavras são sempre uma referência aos alcoólatras. Do riso, da enturmação, passa-se ao desprezo, à solidão. Artistas famosos deram vida a personagens alcoólatras e ganharam prêmios: Jack Lemmon em “Vício Maldito”; Taylor e Burton em “Virginia Woolf”; “O Canabrava”, de Tom Cavalcanti. A medida desses personagens era 8 ou 80 — a total abjeção ou um ridículo cômico muito incômodo. “Bárbara”, baseado no autobiográfico “Saideira”, de Bárbara Gancia, com interpretação marcante de Marisa Orth, encontra a rara medida da temperança, característica essa que livraria a todos dos excessos que fazem mal a todos nós.
Primeiro monólogo de Marisa Orth, que festeja os 40 anos da bela carreira, é um acerto dramatúrgico. Ainda que seja uma história pessoal, com inserções de flash-back, na qual tudo acaba por se explicar, nada é escondido, nada fica no ar. A idealização é de Bruno Guida, o criativo diretor de ótimos espetáculos, como “In Extremis”, “Bull”, “The Pillow”, cuja presente direção é com a necessária contemporaneidade que amplia e reverbera os sentidos do texto. A capacidade da transcendência do que se ouve está nos elementos criados pela equipe de altíssimo talento — direção de arte de Gringo Cardia, figurinos de Fause Haten, design de Luz de Guilherme Bonfanti, trilha original de André Abujamra e fotos de Bob Wolfenson.
Serviço:
Até 03 de setembro, no Teatro XP, no Jockey.
às sextas, às 20h; sábados, às 20h; domingos, às 19h