Guilherme Schleder, secretário municipal de Esportes, é daqueles nomes que estão no topo da lista do prefeito. E não só na lista profissional. O prefeito até estreou como Juiz de Paes — ooops! — Paz, usando até toga para o casamento de Guilherme com a empresária Camila Lipiani, dia 27 de maio, no resort PortoBello, em Angra dos Reis. “Sou um carioca apaixonado pela minha família e pelo Rio. Casado com a Camila, pai do Henrique e da Luisa, e pai emprestado da Luisa, Maria e Antônia. Criado em Jacarepaguá, cursei Direito na faculdade Cândido Mendes e me dedico, desde muito novo, à política”, descreve a sua bio.
Schleder começou na vida pública aos 22 anos, em 1996, como assessor do então vereador Eduardo Paes e também ocupou funções na Subprefeitura da Barra e de Jacarepaguá; na Câmara dos Deputados, em Brasília; foi vice-presidente-executivo de Esportes da Suderj e antigo chefe de gabinete, sucessor de Pedro Paulo, na Casa Civil. A propósito, também esteve na comitiva de Paes no encontro com o Presidente Lula, em Brasília, esta semana, para discutir assuntos do Rio, principalmente sobre a pouca função do Aeroporto Internacional Galeão Tom Jobim.
As experiências anteriores o levaram à pasta do Esporte, entre janeiro de 2021 e março de 2022, saindo para se candidatar a deputado estadual (eleito) e voltando novamente este ano. Entre os principais objetivos do mandato, estão: resgatar o legado olímpico, tão maltratado, sabemos, recuperar os equipamentos públicos e fazer valer a vocação esportiva da cidade, praticamente um olimpo a céu aberto.
Você começou cedo na vida pública. Além da Suderj e da Smel, qual sua relação com o esporte?
Comecei a trabalhar com o prefeito Eduardo Paes em 1996. Minha primeira experiência diretamente ligada ao esporte foi na Suderj, em 2007. Mas desde garoto, sempre pratiquei esportes. E olha que fui desde as modalidades mais comuns, como futebol e vôlei, até squash, escalada… Enfim, o esporte sempre fez parte da minha vida. Tento passar isso também na vida pessoal, estimulando muito o “time de futebol” que tenho em casa a praticar esportes.
Quais as maiores reclamações do pessoal do esporte e as dificuldades em tocar projetos na Prefeitura?
Quando começamos a gestão do terceiro mandato de Paes, alguns equipamentos estavam fechados, o legado olímpico estava abandonado e recebemos muitas queixas também da falta de organização nos espaços públicos, onde podia ter atividade, onde não, como tirar alvará… Além de reabrir todas as vilas olímpicas (hoje são 28 além de equipamentos esportivos), fomos com tudo nessa questão da regularização dos espaços públicos, unificamos o processo para a aquisição dos alvarás e hoje temos mais de 400 pontos regularizados.
Paes o chamou para assumir a pasta em 2021, com o objetivo de resgatar o legado olímpico. O que falta fazer e o que foi feito?
A verdade é que o legado olímpico foi esquecido e tivemos que resgatá-lo. As obras na Arena 3 estão avançadas, e o local vai virar o Ginásio Educacional Olímpico Isabel Salgado, em homenagem à jogadora de vôlei, com 24 salas de aula para atender quase mil alunos. A Arena do Futuro também teve parte do material para a construção de quatro escolas em Bangu, Campo Grande, Rio das Pedras e Santa Cruz, para atender quase 2 mil alunos. E o Parque Radical de Deodoro passou a receber atividades regulares e gratuitas, com mais de 2 mil alunos, além de abrir a piscina nos fins de semana. Hoje, no Parque Olímpico, a prática é feita no Velódromo, que voltou para a gestão municipal e ainda vai receber o Museu Olímpico, com as obras previstas para começarem no mês que vem. Todas as vilas foram recuperadas e melhoradas. É claro que sempre há muito trabalho a ser feito, mas já avançamos muito e seguiremos trabalhando para atender, com qualidade, um número cada vez maior de cariocas.
Tivemos o anúncio do Parque Rita Lee, a visita da ministra do Esporte, Ana Moser, ao local (18 de maio). O que achou da homenagem e como vai ficar?
A homenagem é mais do que merecida porque a Rita Lee é um ícone da nossa música. A obra da Via Olímpica já começou, e está ficando um lugar maravilhoso. O espaço vai receber mais 900 árvores e 16 mil arbustos, novas quadras esportivas e praças, reforma do skate park etc. Haverá ainda novos mobiliários urbanos, como 465 mesas e cadeiras, 27 brinquedos infantis, 14 aparelhos de ginástica e 14 bicicletários. Vai ficar muito bacana mesmo — um espaço de que a população carioca vai se orgulhar.
Você foi eleito deputado estadual, mas voltou para a Secretaria. Faltou gente pra suprir você? Foi um pedido do Paes ou saudade do cargo?
Foi uma decisão conjunta com o prefeito. Minha eleição foi um voto de confiança no trabalho que foi feito até o momento. Eu sentia isso em cada lugar que passava. Muitos pedidos de projetos esportivos e, claro, de outras melhorias que são possíveis com a ajuda da Prefeitura. Acho que avançamos, mas podemos ir além. Então acho que esse foi o pensamento do prefeito e estou muito feliz em seguir na SMEL. Em breve, na Alerj, terei outras atribuições como deputado estadual.
Você pegou a Secretaria na pandemia e pós-pandemia em que os esportes na rua estão supervalorizados, a cada dia mais alunos nas areias das praias, academias ao ar livre, parques da cidade etc. Como é manter a ordem para deixar tudo legalizado?
É difícil fazer esse comparativo porque não tínhamos esses números cadastrados, pois muitas secretarias eram envolvidas nesse processo. O alvará não era único. Então nós fomos aos locais, conversamos com as pessoas, ouvimos as demandas, tentamos entender cada situação e criamos o Comitê de Qualificação do Espaços Públicos para a Prática Desportiva e de Lazer, que envolve outros órgãos, como a SEOP, Guarda Municipal, subprefeituras. A partir daí, unificamos o alvará, ou seja, a pessoa que tem o alvará está autorizada a usar aquele determinado espaço. Esse era um desejo antigo. Terminamos 2022 com mais de 400 alvarás emitidos, atingindo mais de 15 mil pessoas direta ou indiretamente e com mais de 800 empregos sendo gerados ou preservados. E seguimos com o recadastramento a cada fim de ano, para que os espaços sejam ocupados sempre da melhor forma possível. O esporte ao ar livre virou uma realidade e está consolidado.
Que projeto o encanta e por quê?
O Rio em Forma é um projeto que me motiva muito, porque levamos atividades gratuitas para as ruas. É gratificante ver uma praça lotada de pessoas praticando esportes, felizes porque conseguem ter ali o poder público atuando na melhoria da qualidade de vida. Hoje já temos quase 800 núcleos espalhados pela cidade, com mais de 50 mil pessoas sendo beneficiadas.
Quais são os próximos grandes eventos no setor na cidade?
No final de janeiro deste ano, apresentamos um mapa de oportunidades de grandes eventos esportivos que podem ser realizados na cidade do Rio nos próximos dez anos. A parceria com a Rio Convention & Visitors Bureau detectou 73 torneios mundiais que estamos aptos para receber, entre eles os de basquete masculino e feminino, de vôlei, de hipismo, de ciclismo, de futebol feminino, de atletismo, além dos Jogos Pan-americanos e da Copa dos Presidentes (Golfe). A CBF, inclusive, já oficializou a candidatura do Brasil para sediar a Copa do Mundo Feminina em 2027. Essa foi uma missão recebida pelo prefeito: recolocar o Rio no cenário esportivo mundial. Desde o começo da gestão, já tivemos mais de 300 eventos esportivos na cidade, entre corridas, competições de lutas, ginástica… E sempre vamos em busca de mais.
Qual a expectativa até o fim deste governo?
A expectativa é aumentar o número de beneficiados com atividades gratuitas. Temos a ministra Ana Moser, que está sendo uma grande parceira, sempre atenta a tudo, temos o secretário estadual com as leis de incentivo e também nós, da Prefeitura, com esse olhar de buscar o crescimento de atletas com potencial com o Bolsa Atleta, a volta do Time Rio Olímpico e Paralímpico. Mas é nossa obrigação despertar esse interesse pelo esporte.
Por Dani Barbi