A PUC-RJ é desses lugares que ocupam o imaginário. Na Gávea, berço da elite, com seu pilotis retratados em novelas e filmes, é vista como um misto de juventude, alegria e sucesso. Os mentores do Plano Real são de lá, assim como centenas de artistas, juristas e cientistas. Desse caldo, o maior sucesso de todos os tempos foi a reunião de três meninos do curso de Comunicação, que, com mais um amigo, fizeram uma banda emblemática: Los Hermanos.
Essa reunião de Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Bruno Medina e Rodrigo Barba, retratada de forma absurdamente criativa em “Los Hermanos — Musical Pré-Fabricado”, com texto e direção de Michel Melamed, ganha uma encenação que apresenta o melhor da contemporaneidade: uma mistura de códigos (artes performáticas, visuais, musical) que transforma a peça em um conjunto de expressões nas quais o sentido e história das canções são metáforas bem acabadas de um significado maior.
Os figurinos de Luiza Mercier são de uma força raramente vista em nosso teatro. Representam o que se quer dizer, ressignificam o que é falado, mostram a dupla leitura das letras. A direção de Michel Melamed é desafiadora à plateia, pois, ao contrário de produzir uma narrativa linear, nos mostra como não percebemos, muitas vezes, a força da arte, pois escolhe músicas impecáveis, som e palavras, que recoloca Los Hermanos em um lugar muito superior a terem sido os autores de um sucesso de massa (Ana Júlia).
O conjunto dos atores é impecável. Ariane Souza, Estrela Blanco, Felipe Adetokunbo, Leandro Melo, Matheus Macena, Mattilla, Paula Fagundes e Yasmin Gomlevsky se revezam, cantando, dançando e atuando junto à banda que traz novos recortes. Enfim, enche o peito de orgulho ver que meu aluno querido, Bruno Medina, junto com Marcelo, Rodrigo e Barba, na orquestração de Melamed, nos presenteia com um espetáculo memorável. Muito maior que Ana Júlia.
Fotos: Andre Mantelli
Serviço:
Teatro Casa Grande, Leblon
Quintas, sextas e sábados, às 20h
Domingos, às 19h