Desde a primeira moradia, buscamos incansavelmente uma sensação de bem-estar. Segundo Platão, “o objetivo da arte não é representar a aparência exterior das coisas, mas o seu significado interior’’. Evoluímos e nos sofisticamos culturalmente, mas ainda tentamos entender a harmonia estética e seu significado – e isso, em tudo, desde as artes plásticas até o onde e o como se sentir bem.
Com inteligência emocional, entendemos que o melhor lugar do mundo é o aqui e agora, já dizia o maravilhoso Gilberto Gil. Utopia ou não, queremos que essa sensação de acolhimento, felicidade e alegria dure o maior tempo possível e no espaço em que passamos mais tempo: nossa casa, nosso templo e tantos outros adjetivos para esse mágico e precioso lugar.
Viver bem essa experiência muda vidas e ajuda a conquistar saúde emocional e física. Em estudos recentes do desenvolvimento da inteligência emocional, vimos uma correspondência importante com o espaço e como o aprendizado para desenvolver emoções, intuição e sentimentos estão conectados com estímulos que a nossa casa inspira e proporciona.
Apesar do avanço irresistível, porém perigoso da inteligência artificial, temos consciência de que somos movidos a emoções e sentimentos e que nossas ações passam por essas sensações, e isso acontece inconscientemente. Dominar e apurar esse conhecimento traz uma verdadeira sensação de bem-estar e a noção da importância da inteligência emocional.
Como a nossa casa pode nos ajudar nesse processo? Simplesmente nos acolhendo desde a primeira infância, com paz e ocupação harmônica, cores claras e estimulantes, ambientes limpos e arejados, materiais em harmonia com a preservação do Planeta (itens reciclados, produtos sustentáveis e ecológicos), iluminação natural o maior tempo possível, aberturas estudadas com o nascente e o poente do sol, a possibilidade de uma privilegiada proximidade com a natureza (praça, varanda, jardim), e o mais importante: tudo aquilo que nos representa e nos faz sentir em um local particular e nosso!
Ainda estamos engatinhando para proporcionar esse local para o maior número de pessoas no nosso planeta, mas vamos chegar lá! Acredito sempre na força da arquitetura como grande aliada para a melhoria da qualidade de vida!
Perguntamos a Evangelina Seiler, a Van Van, curadora e consultora de arte sempre atenta aos movimentos da vida moderna, sobre as necessidades e a importância de uma casa acolhedora e feliz nos diversos lugares onde ela já morou – foram muitos! “A arte de viver bem em casa é produzir um local para estar com a família, receber amigos, proporcionar momentos felizes e conversas inteligentes em um ambiente confortável e acolhedor. Adoro decorar minha casa e a mesa de jantar com móveis da família e objetos que adquiri ao longo da vida. Tudo que coloco em casa de forma espontânea guarda lembranças e recordações de momentos felizes com os entes queridos. As obras de arte são muito importantes para mim e tenho uma mistura do que estava com a família e das que fazem parte da minha coleção”.
E continua: “Como curadora e consultora de arte, tenho acesso ao que estar por vir, e assim venho adquirindo obras que hoje são significativas e têm valor no mercado, mas que, acima de tudo, fazem parte da minha escolha intuitiva e emocional”.