É do Rio Grande do Norte que nos chega uma montagem de “Ubu-Rei” que mantém a viga-mestra da peça: demolir mitos, criticar, atacar instituições de forma piedosa. O premiado Grupo de Teatro Clowns de Shakespeare, em parceria com os grupos potiguares Facetas e Asavessa, criou uma abordagem revitalizante para um divisor de águas da cultura transgressora, cujo título já expressa o que se verá: “Ubu: O que é bom tem que continuar!”. Com isso, transformam-se em uma forma atualizada de uma possível continuação do trabalho de Jarry, deslocando esses personagens para um país/lugar-nenhum com ares latino-americanos.
Escrito por um Alfredo Jarry muito jovem (1873-1907), “Ubu Rei” causou tumulto quando estreou em Paris, em 1896, influenciou os movimentos das primeiras vanguardas do século passado, e suas ondas de choque continuam a vibrar. A direção e dramaturgia de Fernando Yamamoto encontram, no elenco versátil e talentoso (Caju Dantas, Deborah Custódio, Diogo Spinelli, Paula Queiroz e Rodrigo Bico), a equilibrada versão para o desempenho de papéis, ao mesmo tempo farsecos/farsantes e grotescos.
Recentemente, o premiado diretor Gabriel Villela , com o grupo de Campinas, Os Geraldos, faz uma versão musical primorosa de Ubu-Rei, sob um guarda-chuva tropicalista. O que se vê na montagem potiguar no Rio é a mesma força que move o teatro de qualidade, aquele que alcança o resultado artístico: talento, trabalho, coragem, capacidade de transformação.
Serviço:
Sesc Tijuca (R. Barão de Mesquita, 539)
Sexta e sábado, às 19h
Domingo, às 18h