Daniela Maia, que ocupou a presidência da Riotur por pouco mais de um ano, foi nomeada secretária municipal de Turismo, como publicado no DO esta semana, substituindo Antônio Mariano. Em conversas à meia-voz da Prefeitura, o objetivo de Eduardo Paes, com o troca-troca de secretários, é ter mais partidos para sua base, já pensando nas eleições de 2024.
Também teve troca na secretaria de Conservação: saiu Ana Laura Valente Secco para entrar o engenheiro Marco Aurélio Regalo de Oliveira, Ana foi para a subsecretaria executiva da secretaria de Esportes; Eduardo Cavaliere deixou a secretaria de Meio Ambiente e foi para a Casa Civil, entre outras ainda não definidas.
Daniela, formada em Comunicação Social e Design de Moda na Parsons School, em NY, além de produtora cultural, saiu da empresa de turismo para concorrer como deputada federal, mas não foi eleita. Ela tem intimidade com a vida política faz tempo: é filha do ex-prefeito e vereador Cesar Maia e irmã gêmea do ex-deputado federal Rodrigo Maia (ex-presidente da Câmara dos Deputados). O convite de Paes aconteceu ainda em dezembro, na casa de Cesar Maia, em São Conrado.
A pasta já vem com um ônus e um bônus: o Rio e o Rio, ainda mais este ano, com a volta dos eventos a 1.000%, ou seja, praticamente uma prova de fogo – se falhar, acabou; se passar, é a glória.
Vem aí carnaval, com previsão de 5 milhões de pessoas nas ruas e economia movimentando R$ 1 bilhão, além dos grandes eventos e um calendário lotado de feriados. Nessa quinta (19/01), o Rio também está entre os destinos que o “Tripadvisor” descreve como “as férias dos sonhos”, entre 25 lugares do mundo.
Conversamos com a nova secretária.
Como é assumir a pasta de Turismo de uma das cidades mais visitadas do mundo?
Assumir a pasta de Turismo é realizar um sonho! Amo o Rio, e trabalhar para esta cidade me traz muita energia e alegria, além da experiência, óbvio! Vou dar continuidade ao trabalho que os outros secretários estavam desenvolvendo e começar a trabalhar o formato das próximas feiras de turismo nacionais e internacionais. Além, claro, de escutar o trade de turismo para avançarmos no nosso destino turístico!
Ainda temos um verão 100% pós-pandemia, 54º, com muitos problemas — ônibus lotados, arrastões, eventos clandestinos, toneladas de lixo, gente na orla até depois da meia-noite, ambulantes ilegais etc. Obviamente, nem tudo será resolvido pela sua pasta, mas em conjunto com secretarias. O que pra você é mais preocupante?
Importante olhar para os pontos turísticos cirurgicamente. Do detalhe até o macro, o turista precisa viver uma boa experiência, sair feliz e satisfeito. Estou desenvolvendo um projeto com o prefeito (Eduardo Paes), que em breve devo anunciar.
Como carioca, qual seu programa predileto na cidade? E o que não faz de jeito nenhum? (A visão dessas praias lotadas a assusta?)
O melhor lugar pra mim é a praia. As praias lotadas não me assustam, mas tenho o privilégio de frequentar uma praia bem tranquila: a praia de São Conrado.
Toda gestão é praticamente a mesma coisa: a Prefeitura aumenta efetivo em todos os órgãos para prevenir “incidentes”, promete mundos e fundos, mas imprevistos acontecem e nunca é o bastante. O que falta?
Cada gestão tem sua característica, cada gestor tem um próprio olhar. Prometer faz parte do desejo, mas às vezes, por vários motivos, fica difícil de realizar todos. Pra mim, o que falta sempre é o diálogo; as esferas governamentais deveriam sempre dialogar. Na Riotur, pedi várias vezes agenda com o Ministério do Turismo e com a Embratur, e nunca consegui. Hoje, graças a Deus, existe diálogo entre os governos Federal, estadual e municipal.
O que a expertise na Riotur lhe deu para exercer essa nova função?
A Riotur me deu uma grande experiência. Fiquei pouco tempo (de janeiro de 2021 a março de 2022) mas foi tão intenso que tenho a sensação que fiquei muitos e muitos anos lá. Consegui avançar em muitos projetos que estavam parados.
Quais você destaca?
Um dos que mais me orgulho foi a mudança total e definitiva da iluminação de toda a Avenida Marquês de Sapucaí, onde acontecem os desfiles das Escolas de Samba. Desde o carnaval do ano passado, a iluminação passou a ser cênica, o que faz com que cada escola possa ter seu próprio plano específico de iluminação de acordo com as diferentes cores de cada agremiação. Esse já era um desejo dos carnavalescos há muitos anos. Fizemos! Realizar o réveillon com queima de fogos em mais de 10 bairros da cidade e o carnaval fora de época pós- pandemia foram desafios gigantes. Destaco ainda o programa Nômades Digitais, que lançamos em julho de 2021, fazendo do Rio o 1º polo da América do Sul. Trata-se de uma nova forma de viver o trabalho, remotamente, estabelecendo-se na cidade mesmo que seu empregador esteja em outra cidade, estado ou país. E em função disso, conseguimos que o Brasil criasse o visto de entrada no país especificamente para o Nômade Digital – um gol que nos iguala a muitos outros países. Destaco ainda a inovação na forma de vender a cidade nas Feiras de Turismo. Desenvolvemos um Cubo Imersivo que leva a uma experiência sonora e visual do que seria estar na Cidade Maravilhosa. Ficou incrível!
Por falar em Riotur, só o carnaval de rua deve movimentar cerca de R$1 bilhão na economia. Você pretende fazer alguma ação específica para esse período como secretária?
Eu entrei no governo esta semana, e os blocos começam agora ainda este mês. No ano passado, montei a estrutura para este ano através do caderno de encargos. Como não houve desfile de blocos em 2022, devido à pandemia, este ano o trabalho já estava pronto e aprovado, só restando executar. Lancei um caderno de encargos com mais do que o dobro de estrutura para recebermos os turistas e os cariocas que curtem carnaval com mais qualidade e menos impacto na cidade. Será um investimento de R$ 39 milhões. Ficou toda a estrutura pronta para este ano.
Nunca tivemos tantos eventos como agora. O Rio é a vitrine do País no turismo, mas, em infraestrutura e serviço, ainda somos muito ruins. O que você pretende fazer pra dar um gás nisso?
Hoje existem cursos de qualificação desse mercado na Secretaria de Turismo da Cidade do Rio (SETUR) em parceria com o Senac. Estamos começando, mas a ideia é ampliar. Sobre infraestrutura, precisamos ficar em cima dos órgãos competentes, assim como precisamos de investimento na cidade, o que o prefeito Eduardo Paes já vem fazendo incansavelmente.
Você e sua família estão na política e, se uma pessoa pública não for forte, ela pode desabar, física e emocionalmente. Tendo nascido nesse meio e sendo mulher, como e quando você se acostumou às críticas ou se não se acostumou, como recebe uma crítica mais, digamos, agressiva?
Aprendi que política não se faz com o fígado. Sou uma pessoa conciliadora e venho trabalhando dessa forma. No começo, foi muito difícil como mulher porque sempre é uma luta desigual. E como filha e irmã de políticos conhecidos, preciso mostrar o meu trabalho e me diferenciar dos dois.
Você mesma descreveu que a “política é um ambiente muito bélico, inveja, maldade, competição, mas, ao mesmo tempo, é uma ferramenta espetacular de crescimento, de oportunidades para olhar grande, sair da bolha e ver a vida de verdade!” Você saiu ou entrou na bolha?
Eu saí da minha bolha pessoal quando entrei na gestão pública e, como candidata a deputada federal, tive uma amplitude holística da vida.
Como você enxerga o novo governo na atual situação do País e o que ele pode trazer para o Rio?
Enxergo com esperança! O fato de a cidade estar alinhada com o governo Federal é um ganho gigantesco para o Rio.